Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Mandlate, Simeão

1940-2010
Igreja do Nazareno
Moçambique

image O Rev. Simeão Mandlate foi filho do pioneiro, o Rev. Isaka Mandlate. Ele nasceu perto da aldeia de Xipaja, Província de Gaza. Ele teve oito irmãos e irmãs e ele foi o último rapaz nascido na família. Porque ele foi o rapaz mais novo, ele foi dado a responsabilidade de pastorear o gado. Por causa desta responsabilidade, ele não conseguiu começar a estudar na escola até ele teve dezassete anos de idade. O Simeão foi muito curioso. Ele aprendeu ler e escrever em casa. Os irmãos ensinaram-no usando a Bíblia como o livro texto. A sua primeira memória tendo um professor foi quando assistia as classes da Mintlawa (aulas de educação geral realizadas de vez em quando pelos dirigentes das igrejas locais) na igreja onde o seu pai serviu como pastor.

Foi nesta igreja que ele encontrou Jesus como Senhor quando teve doze anos de idade. Pouco depois disso ele recebeu a chamada divina para o ministério cristão. Em 1958, finalmente libertado do trabalho cuidando das vacas, o pai levou-o para se inscrever na escola bíblica na Missão de Tavane. A diretora, a Sra. Lorraine Schultz, teve dúvidas sobre a entrada do Simeão na escola porque ele nunca assistiu a uma escola na sua vida. Mesmo assim, o Simeão foi admitido provisoriamente, estudando na escola bíblica das manhãs e na escola primária durante as tardes. Ele fez tão bem nos exames de prova na escola primária que ele foi colocado na terceira classe (igual à 6ª classe no sistema americano). Durante o primeiro ano dos estudos, o grande avivamento surgiu entre a comunidade da escola bíblica. O Simeão participou no avivamento e experimentou a graça de inteira santificação. O Simeão foi muito inteligente, e também foi muito diligente nos estudos. Por isso, ele conseguiu completar os estudos na escola bíblica com distinção em 1961.

Por quatro anos, ele serviu como professor dos grupos de* Mintlawa* e por seis anos serviu como pastor da Igreja do Nazareno na aldeia de Xikelene no distrito eclesiástico de Mavengane. Durante este tempo ele também ensinou-se a si mesmo falar na língua inglesa. [1] O Simeão completou a escola secundária estudando em casa. Em 1963, o Simeão casou-se com a Violeta Mambo e em 1967 ele foi ordenado presbítero na Igreja do Nazareno pelo Superintendente Geral, o Dr. Hugh C. Benner.

Os seus talentos únicos, a sua personalidade envolvente, e o seu compromisso com Deus e a Igreja levaram o Mandlante à superintendência do Distrito de Maputo em 1971. Ele era um pregador excelente e um gestor jeitoso. Isso serviu-o bem nos dias críticos da revolução para independência que seguiu poucos anos depois. [2]

O Rev. Oscar “Ntshava (Montanha)”[3] e a Sra. Marjorie Stockwell descrevem aquele tempo. Escolas, clínicas, médicos, advogados, diretores funerários e todos os meios de transporte foram nacionalizados. Soldados ficam nas portas exigindo submissão instantânea. Sete viaturas que pertencia à missão foram confiscadas ou foram abandonadas. Os quintais foram deixados não atendidos e não produtivos. Pastores e congregações foram perdidos. O pão diário ficou uma preocupação crítica. Sobrevivência dependia na confraternidade e compartilhando um com o outro. “Nós estamos buscando fogo um do outro,” é como alguns descreveram a situação. Como diz um dos provérbios muito antigo, mesmo compartilharam a cabeça de um gafanhoto.

Entre os anos 1975 a 1982 a política do governo era “ a propagação exclusiva de Marxismo, uma guerra total contra a igreja e a destruição das suas instituições.” Nenhum culto religioso foi permitido nos lares e os cultos não puderam ser realizados aos domingos porque os domingos foram declarados dias do trabalho. Os membros da Igreja de Infulene nos subúrbios de Maputo não foram permitidos participar nos cultos do domingo porque foram exigidos trabalhar levantando lixo na sua comunidade. Ao completar este trabalho, foram exigidos apresentarem-se ao secretário do grupo dinamizador. Depois, foram obrigados assistir uma reunião para receber doutrinação política. Se os membros da igreja não assistissem, correram o risco de ter a igreja fechada permanentemente. Foi quase a mesma situação na Igreja Central de Maputo. Foram obrigados ir trabalhar em lugares previamente determinados onde foram realizados eventos culturais como danças. Nalguns lugares, as danças foram planeadas a serem realizadas nas igrejas próprias. As vezes, o governo realizava reuniões que duravam durante todo o dia do domingo. Entretanto, segundo o relatório do Rev. Elias Mucasse, membros da igreja frequentemente congregaram-se na igreja muito tarde à noite para orar, mesmo a igreja sendo sob o controle do governo durante todo o dia. [4]

Membros da igreja foram permitidos convido parentes aos cultos da igreja, mas mais ninguém. [5] Nenhuma pessoa tendo menos que vinte e um anos pude ser baptizado legalmente. Foi ilegal por qualquer jovem com menos de dezoito anos entrar numa igreja. Os pais foram proibidos ensinarem os filhos sobre Deus ou orar com os filhos. Cultos foram realizados em lugares secretos e pessoas usaram sinais clandestinos feitos com ramos ou paus para indicar o caminho para o culto. A situação foi feita mais difícil com a seca, caos económico e pressão militar. [6] Pessoas acabaram de frequentar as igrejas e os edifícios foram deixados vazios. Por isso, o distrito eclesiástico quase acabou de funcionar como tal.

Apesar de tudo isso, o Rev. Simeão Mandlate, superintendente distrital do Distrito de Maputo, foi pedido considerar uma posição do governo como representante com a Organização das Nações Unidas. A resposta dele foi, “Eu já tenho um contacto com Deus. Não posso aceito qualquer outro contrato.”[7]

Quando o novo governo falhou de aliviar o sofrimento profundo causado pela fome e a guerra, as pressões contra a igreja foram relaxadas. Deus começou a agir e pessoas começaram a regressar para as igrejas. Igrejas urbanas e igrejas rurais, onde ainda funcionavam, ficaram cheias de gente e estavam a transbordar. Depois de 1982, o Distrito de Maputo cresceu mais rapidamente que qualquer outro distrito da igreja em África. [8]

Durante o ano de 1982, o filho de doze anos da família Mandalte, o João, faleceu. [9] Em 1983, o Rev. Mandlate aceitou a chamada servir como pastor da Igreja Central de Maputo. Ele serviu nesta posição e ao mesmo tempo trabalhava para iniciar aulas teológicas por extensão, o começo de uma escola bíblica para Moçambique. O Rev. Mandlate serviu como pastor desta igreja durante oito anos e durante este tempo a igreja cresceu numa maneira fenomenal. Também, foi construído um novo edifício que, naquele tempo, foi a igreja com capacidade maior que qualquer outra igreja na cidade de Maputo.

O Sr. Ngwenya, um jovem solteiro, era um criminoso e ladrão. As vezes ele assistia aos cultos na Igreja Central. Um dia durante a década de 1980, ele subiu num autocarro com a intenção roubar. Silenciosamente ele meteu a sua mão na pasta de uma senhora. Ela vinha do bazar onde ela comprava caranguejos vivos. Eles pegaram a mão dele. Ele não quis gritar e revelar o seu roubo, então ele orava a Deus dizendo que, se Deus o libertasse daquela situação tão dolorosa, ele se arrependeria dos seus pecados. Pouco depois ele apareceu na Igreja Central e de facto arrependeu-se dos seus pecados. Mais, por um pouco de tempo, ele estava inscrito nas aulas da escola bíblica. [10]

Em 1991, o Rev. Mandlate inscreveu-se no Colégio Teológico Nazareno de Suazilândia na vila de Siteki para estudar por seu bacharelado em teologia. No mesmo ano, ao assistir a conferência regional da Igreja do Nazareno em África, ele foi apresentado um dos cinco prémios “Educador Exemplar” por seu trabalho com o programa de educação pastoral em Moçambique. [11] Ele foi nomeado e serviu como diretor do novamente constituído Seminário Nazareno de Moçambique, uma posição que ele ocupava até 2001 quando foi estudar ao nível do mestrado na Universidade Nazarena de África em Nairobi, Quénia.

Em 2002, o casal Mandlate regressou a Maputo onde ele serviu como professor especial do Novo Testamento ao Seminário Nazareno em Moçambique. Por um ano, em 2005, foram enviados à Angola para iniciar aulas teológicas por extensão. Depois regressou de novo a Maputo e continuou a servir como professor. Por uns anos o Rev. Mandlate sofria com diabete e hipertensão arterial. Em Agosto de 2010, ele sofreu uma trombose do cérebro e no dia 10 de Agosto de 2010, o Rev. Mandlate faleceu.

Paul S. Dayhoff


Citações:

  1. David Restrick, Tese do Doutorado (The Church of the Nazarene and the Mozambique Revolution, 1975-1982), 2001, página 154.

  2. Frank Howie, “Mandlate - a Testimonial”,* World Mission, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, February 1989),5. Theodore P. Esselstyn, *Cut From the African Rock: A Portrait of the Church of the Nazarene in Africa,(Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, 1975),39,63.

  3. Pouco depois da sua chegada em África, o Rev. Oscar Stockwell pregou um sermão sobre o Caleb rogando a Deus, “Da-me esta montanha!” O sermão foi tão impressionante que a gente lhe deu o nome “Ntsava”, que na língua changana significa, “montanha.”

  4. David Restrick, Tese do Doutorado (The Church of the Nazarene and the Mozambique Revolution, 1975-1982), 2001, 287.

  5. Terry Read, “Mozambique Miracle”, World Mission, (May 1994),7. (Citado do Simeão Mandlate.)

6.World Mission, (April 1977; November 1978).

  1. David Restrick, Tese do Doutorado (The Church of the Nazarene and the Mozambique Revolution, 1975-1982), 2001, p. 308.

  2. Trans African, (Florida, Gauteng, South Africa: Africa Nazarene Publications, (August 1988),2-3.

  3. Mutwalisi, (The Herald), Shangaan/Tsonga revista da Igreja do Nazareno em Moçambique e África do Sul (Florida, Transvaal, South Africa: Nazarene Publishing House, August 1982),5.

  4. Entrevista gravada com o Belarmino Mandlate, Nazarene Theological College, Johannesburg, South Africa (July 9, 1992).

  5. O. & M. Stockwell, cartas: (September 16, 1975, January 1977, April 25, 1977). Vicente Mbanze, carta, (13 April 1995). Trans African, (November-December 1991), 10.


Este artigo é reproduzido, com permissão, de Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisada, direitos autorais © 1999, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.