Buta, Frederico Jonas Catende

Frederico Jonas Catende Buta nasceu em Sombo, Município de Tchicala-Tcholohanga, Província do Huambo (portanto pertencente a tribo Umbundu); nasceu por volta do ano 1901 (data provável). Ele era o filho de Buta, negociante, e de Chambula.

Ainda quando criança fez algum estudo primário mesmo ao redor da sua aldeia. Em algum momento de sua infância, cuidava do gado de seu tio, irmão de seu pai. Sem saber que, afinal, Deus o estava a preparar para cuidar do Seu rebanho!

Para dar continuidade aos estudos académicos, deslocou-se para o município do Bailundo, centro famoso e de grande referência académica naquela época! Bailundo era e é ainda, até aos dias de hoje, um município de referência e representatividade do povo umbundu. Um lugar com estradas largas, diversas plantações, onde há desenvolvimento da agricultura, terra da chuva, terra do rei Ekuikui, terra da batata doce, terra do milho, do feijão, terra do verde. Ali no Bailundo, acredita-se que na interacção com missionários vindo do Ocidente é onde tenha conhecido o Senhor Jesus Cristo e voltar-se completamente ao Senhor.

Mais tarde foi estudar na conceituada Missão do Dondi, onde provavelmente tenha frequentado a Escola Biblica.

Foi professor em Guenjo, também Bailundo, em 1930. Ainda em Guenjo se casou com Mariona Chitula em 1931. Nesta altura havia um Centro Evangélico em Luvemba Velha, isto ainda no noroeste do Bailundo, cerca de 90 km do município sede. Então, a Missão do Bailundo decidiu enviar Frederico Buta para Chacumba, aldeia da comuna de Galanga, no município de Londuimbali com objectivo de evangelizar e mais tarde criar outro Centro Evangélico.

Naquela altura não havia igreja alguma, nem testemunho de Jesus Cristo em Chacumba. Frederico foi pioneiro do Evangelho de Jesus Cristo naquela área; ele abnegadamente e de maneira corajosa partiu para Chacumba para servir a Deus. Algumas vezes, Frederico aproveitava ensinar cânticos, aos que gostavam de dançar; e estes foram os primeiros alunos que ele teve. Alguns de seus alunos de Guenjo vieram a ser evangelistas em Chacumba.

Frederico e Mariona tiveram 12 filhos. O seu primeiro filho foi Eliseu que nasceu em 1932 em Chacumba. São estes os filhos de Frederico e Mariona: Eliseu, Maria (esta faleceu ainda quando muito pequena), Rebeca, Raquel, Sara, José, Benjamim, Lúcia, Francisca, Abel, Adélia e David. Destes, 2 andaram muito tempo desaparecidos e tem-se pouca ou quase nenhuma informação deles (Abel e David); três têm estado conosco, os netos (Raquel, Sara e Adélia), os outros são falecidos. Hoje, tem mais de 84 netos e um número grande de bisnetos e tataranetos.

Suas filhas lembram dele como sendo um homem de poucas palavras, firme em disciplinar seus filhos; convicto na sua fé na Palavra de Deus.

Frederico Buta foi consagrado ao ministério sacerdotal em 1945. Andou pela região de Chacumba, no Londuimbale de aldeia em aldeia evangelizando e ensinando; abrindo igrejas. Seu ministério foi tão marcante naquela região que deixava as pessoas admiradas pelas suas palavras, e a convicção com que se lhes ministrava.

As pessoas em Chacumba falaram entre eles, “Que senhor é este?” “Que aquilo que ele fala com convicção, acontece!” “Certa vez, num culto com uma grande multidão, os presentes apresentaram uma oferta quase que insignificante. Este homem de Deus, disse, ‘Se continuarem assim, aquilo que possuem como provisão, colheita, gado e outros não vai vos dar nada,’ e passado algum tempo, aconteceu assim mesmo como este homem disse…quem é ele?”

Muitas das pessoas que abraçaram a fé, pelo seu ministério, vieram a ser pastores e evangelistas. Sabe-se que um dos diáconos que serviu ao lado de Frederico veio a fundar uma Igreja no bairro Benfica, na cidade do Huambo, e deu nome daquele templo como “Frederico.”

Em 1960, foi transferido de volta ao Bailundo, na área de Sieta, na comuna de Lunge, onde trabalhou até o momento de sua reforma.

Nos últimos anos de sua vida, Frederico, já avançado em idade, tinha algum problema de saúde das pernas. Nas últimas semanas, quando já acamado, algumas vezes entrava num estágio como que de coma, mas depois recobrava os sentidos e orientava os presentes a abrirem certo texto bíblico, e/ou orientava a cantar um hino. E isso se repetiu durante dias. Algumas vezes falava de realidades que não eram deste mundo, parecia alguém que já estava a ver a glória de Deus no porvir e outras vezes falava aos presentes fisicamente ao seu lado. Eram simplesmente momentos admiráveis e tremendos. Frederico faleceu, ou melhor passou deste mundo para junto de Deus, em janeiro de 1985.

Deixou um testemunho vivo, de alguém que viveu agradando a Deus; tendo trazido aos pés de Jesus Cristo muitas pessoas. Á Deus seja a gloria e honra pra sempre!

Frederico Catende Buta Catihe

Bibliografia

Entrevistas

• Sara Chambula Buta (Filha), por telefone em Luanda, 19 de abril 2020.
• Raquel Buta (Filha), entrevista, Lubango, 20 de abril 2020.
• Adélia Sia Buta (Filha), por telefone, Lubango, 21 de abril 2020.

Esta biografia, recebido em 2021, foi escrita por Frederico Catende Buta Catihe, candidato de receber o Mestrado de Artes em Teologia na especialidade de linguística e interpretação pelo Instituto Superior de Teologia Evangélica no Lubango (ISTEL). Formou-se em teologia na mesma instituição com grau de Licenciado. É pastor no Lubango e é membro da União de Igrejas Evangélicas de Angola (UIEA). Trabalha desde janeiro de 2018 como Secretário Geral do GBECA (Grupo Bíblico de Estudantes Cristãos de Angola) que é um movimento membro da IFES (International Fellowship of Evangelical Students). Foi palestrante internacional de estudantes cristãos universitários (na Namíbia de 2003 a 2017; na China desde 2018 ate janeiro 2020; em varias províncias de Angola). Também é parente de Frederico Jonas Catende Buta. Esta biografia foi escrita sob a supervisão de Sindia Foster, instrutora no ISTEL e missionária em Moçambique com Serving in Mission (Servindo em missão, SIM).