Elias, Isabel Teresa Tchimbwondu

1919-2020
Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA)
Angola

Deus tem usado homens e mulheres para a sua seara e na sua soberania capacita pessoas desde que elas se dispunibilezem colocando-se na brecha. Muitos hoje são conhecidos a nível do país e pelo mundo fora pela sua dedicação no trabalho do Senhor, e Deus é louvado e glorificado por isso. Todavia, algumas pessoas ficam anonimamente conhecidas porque não são mencionadas ou quase que são esquecidas. E não fugimos de contar o chamado de Isabel Teresa Elias uma mulher que dedicou-se durante sua vida no trabalho do Senhor.

Era filha de Mateus Chivela Nanga e de Ester Vondila, nasceu na provincia da Huila município de kalukembe comuna de kalupele no ano de 1919 no dia 8 de janeiro. Baptizada em 1945, no centro evangélico de vionga no município de Kalukembe na missão fila Africana do Sudoeste de Angola (atualmente Igreja Evangélica Sinodal de Angola-IESA). Foi a primeira filha de seis irmãos. Os pais de Elias eram cristãos e devotos a fé cristã .

Isto ajudou ela em casar-se com um homem que tinha devoção a Deus mesmo como ela. Tempos depois de seu nascimento seus pais deslocam-se para Chisseia onde ficaram maior parte da sua vida a procura de melhores condições de vida.

Elias teve seus estudos primários na escola da comuna de Kasseque. Tendo depois ido para a missão de Kukala onde por algum tempo frequentou o curso de formação femenina (o chamado curso doméstico). O curso de formação femenina era obrigatório, pois naquela época toda menina que não soubesse ler nem escrever devidamente mesmo sendo da missão, as missionárias não podiam testemunha-la no ato do seu casamento.

Na sua mocidade era uma jovem muito dedicada no conhecimento da palavra de Deus e boas relações pessoais. Ainda, trabalhou muito com missionários que vinham para trabalhar nas igrejas em sua localidade. Elias era uma jovem muito comprometida com a sua fé e procurava aprender muito com os mais velhos. Pela sua dedicação, Elias foi bem testemunhada pelas missionárias pelo que em 1948 teve seu elance matrimonial e foi casada com Elias Muhanda vindo da missão de Sussangue onde o mesmo tinha terminado sua formação Bíblica e também o curso profissional de carpintaria em 1947.

Elias, é o sobrenome que adotou de seu marido depois de ser casada. E daí começaram a frequentar o curso Bíblico (para a formação de catequista), em Kalukembe na missão de Kukala e sendo consagrados assim como catequistas (líder auxiliar do evangelista ou pastor) e enviados na aldeia de Chilueyo como primeiro casal catequista naquela localidade.

O povo encontrado naquela localidade falava Tchokwe e eram denominados por povo Nyembas. Os primeiros meses de adaptação não foram nada fáceis. Mas pela intervenção do Espírito Santo o casal adaptou-se rapidamente aos costumes daquele povo. Naquela aldeia com o passar do tempo sentiram-se filhos de casa encontrando assim uma família em Jesus Cristo também. A forma de ser de Elias ajudou muito na evangelização pois era uma mulher muito acolhedora, alegre e muito atenciosa, e de trato fácil. Em 1959 foram transferidos para Chinguindi, dando assim deu a luz da sua primogénita e depois foram seguindo os próximos seis filhos. Foi mãe com muita dedicação e zelo.

Em 1971, seu marido deslocou-se para a comuna de Mulondo no município da Matala a fim de comprar algum gado para a agricultura, onde infelizmente não voltou mais pois acabou falecendo naquela localidade. E, esta fase que Elias passou foi o momento mais dificil da sua vida, pois perdeu o seu marido, isto neste mesmo ano e sentiu que seu marido morreu prematuramente por ter sido envenenado. Para ela os primeiros oito meses sem o marido foram os mais dificeis que já viveu porque depois do falecimento do esposo, e sentiu-se abandonada pela família do falecido tirando-lhe grande parte dos seus bens. Viveu meio abandonada e sentindo-se assim, no meio da família de seu marido decidiu mandar seu filho na comuna de Chisseia no município da Ganda província de Benguela para informar o pais de Elias que o marido já não vivia e ela precisava de regressar para a terra de procedência. Foi assim que os pais de Elias enviavam o irmaõ mais velho para então busca-la e e mudarem-se definitivamente para aquela comuna. Foi assim que em junho de 1975 Elias e seus filhos mudam-se para Chisseia com intenção de alí estarem definitivamente.

Mesmo assim não deixou de parte sua devoção com Deus. Ela continuou trabalhando para o Senhor, como professora do curso doméstico (formação feminina), isto na comuna do Casseque. Seu ministério com as senhoras ia muito bem, e mais tarde ela é tida como auxiliar do casal pastor Katekãva, (um pastor que era da igreja central no município da Ganda) específicamente a esposa do pastor para ajudar nos trabalhos relacionados ao ensino de mulheres (quartas feiras, cursos domésticos, cursos de casamento na área femenina). Mas, mais tarde decide voltar para Kalukembe por causa da formação dos filhos pois na comuna onde se encontrava não havia escolas e ela queria muito que seus filhos se formassem para terem um futuro brilhante. Sua forma de ser e sua atitude como mulher virtuosa ajudou muito na formação de seus filhos.

Isabel era uma mulher cheia de vida e com muita visão, pois nunca sentiu-se inferior aos demais por causa da pobreza em que ela vivia, lutava muito para o bem estar de seus filhos e o da sua familia. Não teve muitas oportunidades de singrar na vida, mas dedicava-se árduamente para que seus filhos pudessem um dia brilhar. Muitas vezes não tinha o que dar para seus filhos poderem comer ou mesmo vestir. Numa situação de muita pobreza, Elias muitas vezes via-se obrigada a vender algumas das suas roupas ou fazer troca para dar de comer aos seus filhos no sentido de manter a estabilidade física e emocional para dia seguinte. As crianças irem pra escola e assim com ànimo aprenderem a ler e escrever. Isabel dependia simplesmente da agricultura e por isso depois da colheita ela ia para a vila e vender para assim comprar algum material quer escolar como para vestuário, pois ela mesma fazia costura para seus filhos estarem bem apresentados.

Depois de voltar para Kalukembe, os filhos de Teresa começaram a estudar e daí que um dos seus filhos por se destacar na escola, é convidado a viver com um de seus professores na vila. Elias consentiu a ida de seu filho apesar de ter algum receio. Tempos depois, o mesmo filho é convidado a viajar para Portugal para então continuar com os estudos, mas Teresa não deixou seu filho viajar porque segundo ela, seu filho podia ser comido e nunca mais voltar a ve-lo. Pois no tempo colonial por causa dos mau-tratos dos colonizadores, as pessoas achavam que o branco era tão mau que até podia comer pessoas. Elias nunca se afastou em momento algum de Deus, pelo que tempos depois veio a ser conselheira das senhoras no sentido de ajuda-las para o bem estar social e o lar de uma mulher cristã e seu ambiente em casa, pela idade e maturidade que ela já carregava.

Teresa, desde que perdeu seu marido, nunca mais casou ou ter um relacionamento extra-conjugal, pois segundo ela, casamento é apenas uma vez na vida e além demais de alguma forma não estaria a respeitar seus filhos. Teresa o que mais temia era perder sua fé em Cristo Jesus por felicidades temporais deste mundo. Pelo que mesmo quando um de seus filhos esteve prestes a casr-se Teresa achou por escolher uma parceira para seu filho pois segundo ela, era melhor uma pessoa conhecida e parente para não entrarem em desilusões entre famílias uns por falta de temor à Deus. E, o que mais fazia em seus tempos livres, era ler a Bíblia. Ela teve pouco tempo de estar na carteira mas mesmo assim o pouco que ela aprendeu na missão consegiu carregar e aprender a adaptar-se a leitura.

No tempo de guerra que era o tempo mais dificil para todos os angolanos, Teresa procurou juntar todos os seus filhos e noras no sentido de ficarem todos em um só lugar para puderem todos estarem mais próximo um do outro, todavia havia um dos filhos que estava em missão da guerra cumprindo assim a missão de cidadão da pátria. Era uma mulher que cuidava de seus netos e ensindo-lhes a viver no temor do Senhor. Como resultado de seus ensinos aos netos, tres de seus netos são líderes de igrejas locais (isto é lideres auxiliares de pastores) e um dos filhos é o líder de uma Igreja local da Igreja Evangélica Sinodal de Angola.

A medida que o tempo passava, a idade também avançava como qualquer ser humano. Então Elias com o passar do tempo, foi viver com uma de suas filhas em kaluquembe isto em 1998. Ficou com sua durante seis anos, pois por causa da guerra muitos tinham se espalhado tral como seus filhos. E então apenas a filha mais velha e a mais nova é que estavam próximas da mãe (Elias), então a mais velha decidiu ficar com ela. Elias não aguentava ver a tortura que sua filha sofria da parte do marido pois era um homem alcólatra. Mesmo assim, Elias encorajava a filha a permanecer no Senhor orando bastante para que Deus mudasse o rumo de seu genro. Ifelizmente não aconteceu e seu genro acabou falecendo no alcool. Em 2002 depois do calar das armas, o filho mais velho de Teresa, decicidiu viver com ela em Benguela, deslocando-se assim de Kalukembe para Benguela. Teresa passou simplesmente dependendo de seus filhos pois depois do falecimento do marido ela dedicou-se apenas no investimento de seus filhos e já não tinha mais tempo para ela. Em Benguela, vivia permanentemente no seu filho mas algumas vezes visitava outros familiares e era sempre muito bem recebida pois era uma velha muito animada e nunca saía da casa visitada sem oração ela dizia que tem de deixar a bênção em casa que é bem recebida.

Em 2008 regressou para kalukembe na pois ela dizia que já não se sentia muito bem estar só no litora e na cidade sem ir à lavra, pois a lavra fazia-lhe bem. Ficou em kalukembe com sua filha mais nova durante quatro anos. Elias queria sempre conhecer ou ver os filhos de alguns de seus netos. E, também foi uma grande evangelista e intercessora pela converssão de muitos dos seus netos. Sua oração foi atendida, tanto que depois de alguns de seus netos converterem-se dois deles tornaram-se pastores. Tempos depois, Elias começou a receber e pegar os bisnetos que ela pedia ao Senhor. E, certa vez pegou o primogénito de uma de suas netas e disse na língua nacional em umbundu: Deus é tão bom e é maravilhoso, eu não esperava conhecer mais o filho da Esperança, mas ainda o Senhor me agraciou com esse presente. Foram nascendo muitos outros bisnetos de seus. Em tudo sua maior alegria era de ver seus filhos e netos todos pernecendo no Senhor.

Em 2018 pela idade, começou a ter problemas cardiovasculares. E, isso foi dimninuindo sua energia ou seja sua saúde. Queixava-se muito e algumas vezes já não conseguia se levantar. Mas com o passar do tempo ainda superou-se e voltou ao ánimo, mas os planos de Deus já estavam traçados que ela já não sobreviveria mais por muito tempo. O tempo foi passando e a saúde já não era a mesma. Em 2019, a situação já não mesmo nada saudavel tendo em conta a sua idade. Os dias estavam contando como um relógio a tic-tac. A situação piorou ainda mais quando foi informada que a irmã de seu falecido marido tinha também falecido. Sentiu-se muito mal e já não melhorava, poius era uma mulher muito sensivel. Desde então passou apenas a ficar no quarto ou então saia para aquecer o sol.

Foi assim que no dia 12 de dezembro de 2020, Elias estava conversando de repente sentiu-se mal. O filho levou-lhe ao hospital e foi aos cuidados médicos e cuidada. Mas seus filhos estavam já prevendo a sua partida para a glória, e decidiram então estar juntos antes mesmo de dezembro, fazendo companhia na sua mãe nos últimos dias de sua vida. Elias mesmo com a idade que tinha ainda conseguia reconhecer as pessoas, conversar, lembrar-se das coisas e ainda tinha uma visão bem nítida, pelo que minutos antes de entrar em coma, sentiu que tinha de cantar. Elias, pegou no seu hinário cantou um hino em umbundo e depois de cantar ainda conversou um pouquinho com seu bisneto e desde então já não conseguia fala e começou apenas a gesticular. Os filhos correram de novo no hospital mas os enfermeiros disseram que já era tempo de ela descansar. Foi assim que ela acabou morrendo e morreu em paz no dia 15 de dezembro de 2020.

A sua morte deixou boa lembranças aos filhos e netos pois inspirou muitos de seus netos e também mulheres ao redor a permanecerem firmes no Senhor. Elias é lemrada com saudades e com boas acções, principalmente no que concerne ao louvor a Deus.

Domingas Chilobo Elias Chau


Fontes:

Catequista. Henrique Chivinda Elias. Filho da Isabel Teresa Elias e membro Igreja Evangélica Sinodal de Angola. entrevista com o autor, 27 de Março de 2024.

Isabel Teresa Elias Munjanga. Membro da Igreja Evangélica Sinodal de Angola e neta de Isabel Teresa Elias. Comunicação com o autor, 25 de Março de 2024.


Esta biografia, recebida em 2024, foi elaborada por Domingas Chilobo Elias Chau, estudante do Instituto Superior de Teologia Evangélica no Lubango (ISTEL) no Curso de Mestrado de teologia. Esta biografia foi escrita sob a supervisão de Sindia Foster, instrutora no ISTEL e missionária em Moçambique com Serving in Mission (Servindo em missão, SIM).