Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Moules, Edith
Quando Edith Moules deixou a escola, aos 14 anos, trabalhou como criada na casa de um clérigo. Aos 16 anos de idade, converteu-se. Ela foi conquistada pelo Senhor pelo amor que encontrou na turma de estudos bíblicos feminina. Naquele momento, estava com 18 anos, sabia que o Senhor desejava que trabalhasse para Ele. Iniciou preparação para ir à Índia. Foi para a Escola Bíblica, mas após duas fases desistiu, um fracasso. Em seguida, fez um curso de enfermagem. Começou a compreender que o Senhor a queria para trabalhar na África. Juntou-se à WEC. Foi para a Bélgica para aprender francês e fazer um curso de medicina tropical, antes de partir para o Congo Belga, em 1927.
No barco que a levava à África, ouviu falar da necessidade de trabalho com pacientes leprosos, porém, francamente, não estava interessada. A lepra era assustadora! Ela abriu uma clínica em Naga. Em um período de 12 anos, tratou mais de 200 pacientes por dia.
Então, certo dia, um homem idoso e um jovem rapaz estavam de pé afastados da multidão. Eles tinham lepra. O que ela deveria fazer? Estava espantada com a doença. Se os tratasse, outros poderiam vir a reboque e ao final o volume de trabalho superaria sua capacidade. Mas eles haviam caminhado 120 quilômetros sobre seus maltratados pés. Como ela poderia mandá-los de volta sem nenhum tratamento? O que fez foi esperar que todos fossem embora e, em seguida, mostrou aos leprosos uma pequena cabana onde poderiam dormir. Deu a eles alguma comida. Enquanto ela se negava a ajudá-los, não encontrava paz com Deus. Passaram-se quatro dias e, relutantemente, ela começou a tratá-los. Exatamente como previra, em poucos dias haviam chegado sessenta leprosos e, em poucos anos, haviam sido tratados cinco mil!
Os anos passaram. Ela ficou doente, seu esposo morreu e o Senhor deu-lhe outra visão: utilizar o trabalho de tratamento de leprosos para abrir outros países ao evangelho. Em 1947, visitou muitos países no oeste da África. Os médicos já haviam dito a ela que padecia de câncer. Haviam-lhe dito também que, com repouso, ela poderia viver durante um ano e meio, porém caso se sobrecarregasse como era usual, viveria apenas seis meses.
Chegou à Guiné e foi encontrar-se com o governador. Contou a ele tudo o que o Senhor havia feito no Congo. Ele ficou interessado, e afirmou que se a missão fizesse uma solicitação, ele poderia ver o que era possível fazer para obter os vistos. A solicitação foi preenchida, porém os meses se passaram sem que houvesse notícias de Lisboa.
Edith já havia retornado à Inglaterra, onde desafiou insistentemente os jovens a encamparem a visão de utilizar o trabalho com leprosos para o Senhor. Ela aguardou até que não pôde mais esperar e viajou até Portugal. Quando soube que o governador da Guiné Portuguesa havia acabado de chegar, pediu uma entrevista com ele. O governador sabia que ela estava gravemente doente, então foi até ela. Edith pediu a ele que obtivesse uma entrevista com o secretário de estado. Ele concordou.
Edith explicou ao secretário que havia cinco pessoas prontas para ir à Guiné e iniciar um programa de tratamento de leprosos, mas caso não conseguissem os vistos logo, teriam de ir para outro lugar. Em poucos dias, o secretário havia conseguido os cinco vistos e estava pronto para conceder outros, se fossem necessários.
Pouco depois “Ma Moli” faleceu, mas havia descoberto a chave para abrir a porta para o trabalho na Guiné Portuguesa.
Hazel Wallis
Este artigo é reproduzido, com autorização, de Light Shines in the Darkness, The History of the Church in Guinea-Bissau (1940-1974) (Bubaque, Guinea-Bissau: Missão Evangélica, 1996). Todos os direitos reservados.