Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Kamwana, Elliott Kenan (A)
Elliott Kenan Kamwana foi o fundador do movimento Torre do Vigia e líder separatista cristão, um dos precursores do movimento da igreja independente.
Começou como Presbiteriano Escocês e entre 1899 e 1903 liderou um movimento de avivamento muito bem sucedido. Numa viagem para África do Sul conheceu Joseph Booth, um missionário inglês que fundou muitas seitas e também batizou John CHILEMBWE. Kamwana tornou-se adventista e depois testemunha de Jeová. Ao retornar a Malaui em 1906, começou uma filial da igreja conhecida como Torre do Vigia, nome que pegou emprestado do jornal das Testemunhas. Num prazo de três anos ele batizou 10.000 seguidores. Kamwana pregava que Armagedom aconteceria em 1914 junto com a segunda vinda de Cristo e que Este aboliria o imposto às moradias e expulsaria os europeus. As autoridades britânicas o deportaram para África do Sul (1909-1914) e baniram o movimento Torre do Vigia.
Durante o exílio de Kamwana suas igrejas continuaram na clandestinidade. Sem organização o movimento Torre do Vigia cresceu rumo ao norte de Rodésia (atual Zâmbia) e o Congo Belga (atual Zaire), e continuavam a pregar o fim do colonialismo. Áreas inteiras do Zaire ocidental converteram-se a nova religião.
Apesar de o movimento ser pacifista, as autoridades coloniais o suprimiram sempre que puderam. O movimento Torre do Vigia seguiu os ensinamentos das Testemunhas do Jeová, e usou seu simbolismo. Era conhecido como Kitawala ou do Reino, um tema central das Testemunhas, e pregavam a vinda iminente de Cristo, apesar de não ser cristã na sua essência.
O fracasso na chegada do milênio anunciada por Kamwana para 1914 não afetou o crescimento do movimento. Kamwana pregou por um curto período em Moçambique, mas foi logo deportado para o Malaui. Durante a revolta, Chilembwe (1915) cumpriu prisão preventiva e depois foi deportado para Mauricio, no Oceano Índico, pois seus seguidores se recusavam a servir no exercito. Em 1937, Kamwana voltou à Malaui para cuidar do movimento que então estava muito reduzido. Ele o liderou discretamente até a sua morte.
Norbert C. Brockman
Bibliografia
Lipschutz, Mark R., e R. Kent Rasmussen. Dictionary of African Historical Biography. Segunda Edição. Berkeley: Editora da Universidade da Califórnia, 1986.
Este artigo foi reproduzido com a permissão de: An African Biographical Dictionary, copyright © 1994, editado por Norbert C. Brockman, Santa Barbara, Califórnia. Todos os direitos são reservados.