Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Langa, Daniel Mukheti
O Rev. Daniel Kufeni Mukheti Muyanga Langa nasceu num lar tradicional, não cristão, em Chicavane, perto de Manjacaze. Seu pai chamava-se Mukheti. Juntamente com outros rapazes, que eram pastores de gado, Kufeni brincava, lutava, furtava galinhas e invadia as hortas. Aos dez anos, as suas primeiras roupas eram duas peles pequenas. A água era escassa e levava duas horas transportá-la para a casa. Quando ele viu uma lagoa pela primeira vez, entrou nela e quase se afogou.[1]
Aos dezanove anos, Kufeni andou aproximadamente quinhentas milhas para encontrar trabalho nas propriedades em Joanesburgo onde o principal filão de ouro foi descoberto pela primeira vez. Certo dia um ministro que falava sotho e que pertencia a Missão Evangélica de Paris chegou à residência colectiva. Ele perguntou-lhes em zulo, mal falado, “Que direis se morrerdes nos vossos pecados e vos apresentardes diante de Cristo que vos ama e morreu por vós, mas vós O rejeitais?” Isto fixou-se no coração dele, e pouco tempo depois, ele encontrou Cristo numa missão ali perto, sob o ministério do Rev. Isaque Lehman; e Kufeni tomou o nome de Daniel quando foi baptizado.
Ao regressar à casa depois de terminar o seu contrato, ele recusou beber a cerveja que foi preparada para celebrar a sua chegada. Disse à família: “Não bebo cerveja desde que me encontrei com Cristo, o Salvador do mundo.” A prática de tomar cerveja nas ocasiões de cerimónia envolvia frequentemente os exercícios religiosos tradicionais não cristãos. O Sr. Daniel Langa começou uma igreja em sua casa, em Chicavane, em 1914; e essa congregação uniu-se à Igreja do Nazareno em 1922. Ele foi um dos pastores leigos que assistiam ao Rev. Jenkins. Langa e a sua esposa Rosa serviram como pastores em Chicavane durante esse tempo e foram tocados profundamente pelos avivamentos. Foi nessa altura que encontraram a experiência da santificação.
. Uma vez ele aprendeu a cantar o hino “Comigo Vai” e ensinou-o logo nessa tarde à Rosa. Naquela noite o seu xihlangala (barraca que serve de cozinha) incendiou-se – uma grande catástrofe, visto que viviam apenas da agricultura; a comida era escassa e tinham pouco dinheiro. Eles cantaram o novo hino; deitaram-se de novo nos juncos e dormiram. O pai de Langa bateu à porta no dia seguinte e disse: “Eu avisei-te que haveria desastre se deixasses os nossos espíritos ancestrais.” Eles apenas cantaram o novo hino; meneando desesperadamente a cabeça, o pai saiu.
Comeram os restos das panelas da tarde anterior, em vez de os deitarem às galinhas. Mais tarde naquele mesmo dia, algumas mulheres chegaram, com fardas nas cabeças, como que a caminho do mercado em Manjacaze, mas elas disseram: “Não, Sr. Pastor, não vamos vender. Ouvimos falar do incêndio e trouxemos estas coisas das nossas hortas para os irmãos.” Havia milho, arroz, mancara - mais do que tinham perdido no incêndio.
Em 1930 o Rev. Daniel Langa foi nomeado líder sobre cerca de trinta igrejas nessa zona. Ele esteve entre os primeiros quatro ministros nazarenos a serem ordenados em Moçambique, em 1939, pelo Superintende Geral J. G. Morrison. (Os outros foram: os Revs. Paul Sueia, John Mazivila, e Zephaniah Mhula). O missionário Rev. Glenn Grose foi também ordenado com eles.
Logo no começo da década dos quarenta, Langa serviu à igreja nas minas de ouro da África do Sul. O Rev. William C. Esselstyn, missionário com quem ele trabalhou, testificou dele dizendo: “Foi sempre um dos servos mais fiéis, piedosos, úteis e cooperativos do rebanho.”[2]
Pouco depois de chegar à casa ele adoeceu. No hospital em Chicumbane, perto de Xai-Xai, ele orou muito na sua cama e escreveu muitas cartas de encorajamento. Quando a filha dele e a missionária Sra. Mary Cooper o visitaram, ele disse à missionária: “Eu hei-de encontrar consigo no céu.” Mas à filha disse: “Adeus, Sara; não te hei-de ver mais, porque tu não vais para onde eu vou.” Sara, de coração partida, bem cedo procurou encontrar o Senhor. Ela tornou-se obreira de Deus e casou-se com o Rev. Matias Beta Gama, que viria a ser superintendente do distrito de Tete.[3] O Rev. Daniel Langa disse à esposa que ele ia para o lar, o céu. Com isso fechou os olhos e partiu em paz para ir ficar com o seu Senhor Jesus.
Paul S. Dayhoff
Notes:
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Amy N. Hinshaw, Native Torch Bearers, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, 1934), 123-126.
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Carta do Rev. William Esselstyn, (Rockton, Illinois, 18 de Janeiro, l993).
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Relatório da Sra. Mary Cooper, (3 de Agosto, l992). Carta de Vicente Mbanze, (l3 April 1995).
Este artigo é reproduzido, com permissão do livro Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisada, direitos do autor © 1999, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.
Este artigo foi traduzido da língua inglesa por Rev. Roy Henck, missionário reformado para Cabo Verde, e por Rev. António Barbosa Vasconcelos, pastor cabo verdiano.