Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Machava, Esaya

1890-1955
Igreja do Nazareno
Moçambique

Esaya Machava regressou a sua casa perto da vila de Chaimite, Gaza, em 1919. Ele foi salvo na África do Sul onde ele estava a trabalhar nas minas na zona a leste da cidade de Joanesburgo. Antes de ser salvo, a sua vida era dedicada às bebidas e pecado. Agora ele confiava no Senhor para o santificar. Ele ficou o primeiro ajudante que trabalhava com o Rev. Henry e a Sra. Lucy Best ao começar o seu trabalho missionário em Moçambique. Juntos, eles visitavam os lares tradicionais cada tarde.

Um dia, a noitinha, estavam a realizar um culto na casa do Sr. Machava quando o seu pai, com setenta anos de idade, Avô Abraão Machava, foi rastejando para frente para orar. Ele não sabia como orar por si mesmo, mas Deus o salvou numa maneira maravilhosa. Daquele dia até ele morreu, ele nunca vacilava nem faltava na sua experiência cristã. Depois de converter-se, ele trouxe um grande cesto cheio das coisas usadas na adoração dos espíritos dos antepassados para serem queimados. Antes de pôr a lume as coisas, ele disse, “Espera! Tenho mais coisas.” Em poucos momentos, ele regressou com mais um grande cesto, este cheio com folhas de tabaco. Os não crentes que se congregaram par ver tudo ficaram espantados e desanimados. “Tu não queres queimar todo aquele tabaco, Avó,” eles gritaram. “Leva tudo à loja e comprar um casaco e calças. Quem ouviu de um homem indo para a igreja vestido em peles de macacos?” Avô Machava respondeu com dignidade dizendo que o que Deus já condenou, ele não venderia aos outros para estragar as vidas deles. Ele disse que, se ele precisava de um casaco e calças, então Deus os forneceriam. Ele estava tão velho e tão fraco que ele não conseguiu andar ao rio para ser batizado, e por isso, ele foi batizado em casa por aspersão. Ao ser batizado, ele tomou o nome, Abraão.

Cerca deste tempo, uma senhora com as duas filhas chegaram na missão solicitando ajuda. Elas ultrapassaram o hospital em Manjacaze para chegar na missão em Chaimite. Disseram que em Manjacaze, um curandeiro estava colocando um feitiço sobre elas. Com medicamentos muito simples, as feridas horríveis começaram a ficar saradas. A sua filha mais velha, a Estela, respondeu ao Evangelho e ficou um crente muito fiel. Uns meses depois de se converter, Estela e Esaya casaram-se. O lar deles ficou um exemplo bonito de um lar cristão naquela comunidade.

Um dia o lar deles sofreu uma tristeza profunda. Depois de uma gravidez muito difícil, a Estela deu à luz gémeos. Um dos rapazitos foi nascido morto e a parteira logo cavou um buraco no chão da casita e enterrou o babe morto mesmo aí na casa. Os missionários protestaram por razões de saúde e salubridade, mas foram informados que isso foi o costume daquele povo. Se o bebé fosse enterrado em qualquer outro lugar, o outro bebé vivo morreria logo também. No dia depois, um dos outros pastores do distrito passava para visitar o Esaya e a Estela, e ele castigou-os por permitir esta prática pagã. Assim, eles consultavam com os membros da família Machava e decidiram enterrar o bebé noutro lugar. Foi um grande choque para todos eles quando descobriram na manhã seguinte que, durante a noite, o outro bebé também morreu. Eles choraram e oraram em conjunto, mas nunca culparam a Deus nem criticaram os missionários. Mais tarde, Deus os abençoou dando lhes mais um filho.

O Machava ouviu de uma zona com muitas necessidades espirituais onde o Evangelho nunca foi pregado. Ele e a Estela aceitaram deixar a missão de Chaimite para ir lá e pregar e servir como pastores. O povo naquela zona estava muito difícil e o Esaya e a Estela sofreram bastante. A Estela ficou grávida de novo e quando chegou o tempo do parto, as senhoras que prometeram ajudar fugiram. O Machava atendeu a esposa sozinho. O bebé nasceu, mas a Estela faleceu dando parto. Ele cuidava do bebé, mas precisava de cavar o túmulo sozinho. Quando o túmulo estava pronto, ele enrolou o corpo dela nua esteira de capim e enterrou-a na cova. O coração dele foi tão doloroso que só conseguiu orar silenciosamente. Depois de um tempo, umas das pessoas regressaram para ajudar e eles cuidavam do bebé.

Por uns anos o Machava trabalhava sozinho como pastor. Ele preparava toda a comida para as refeições e carregava a água para a casa. Com o pequeno salário que ele recebia, pensava que seria impossível ter fundos suficientes para pagar a lobola por um outro casamento. Entretanto, o Machava conheceu um homem cuja irmã precisava de um bom marido, e Deus deu-lhe a Elisabete como esposa.

O Machava pediu admissão à Escola Bíblica de Rehoboth situada na vila de Modderfontein, perto de Joanesburgo na África do Sul. Ele quis fazer o curso para ser pastor. Ao completar os estudos, ele serviu por um tempo pregando nos centros dos mineiros. Ele foi uma grande bênção aos mineiros e também aos missionários com quem ele trabalhava. Tiveram bons tempos de confraternidade.

Uns meses depois de regressar para Gaza em Moçambique, o Machava começou a queixar-se de uma dor. Porque as dores não melhoraram, os homens levaram-no ao hospital do governo na vila de Chibuto. Dali ele foi transferido ao hospital na cidade de Xai Xai e ali o Machava faleceu. A Sra. Best, a missionária com quem ele trabalhava, terminou o relatório sobre ele com estas palavras na língua changana: Salani kwatsi, Esaya. Hi ta vonana nimisho. ( Fica bem, Esaya. Nós nos encontraremos na parte da manhã.).”[1]

Paul S. Dayhoff


Citaçõe:

  1. L. L. Best, “Tribute to Esaya Machave,” The Other Sheep, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, August 1955), 7. L. L. Best, “Evangelist Esaya Machava”, Africa Calling, (London and South Africa: International Holiness Mission, July -September, 1955), 6-7.

Este artigo reproduzido, com permissão, da Africa Nazarene Mosaic: Inspiring Accounts of Living Faith, primeira edição, (Florida, Gauteng, South Africa: Africa Nazarene Publications, 2002), direitos autorais © 2001, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.