Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Maxeke, Charlotte Manye
Maxeke foi uma líder na Igreja Metodista Episcopal Africana, a primeira mulher africana da África do Sul a obter um B.Sc., a primeira mulher africana a tornar-se oficial de justiça. Ela também pode ser chamada “a mãe da Etiópia”, devido a sua participação na unificação da Igreja Etíope e da Igreja Metodista Episcopal Africana.
Ela nasceu no dia 7 de Abril de 1872, perto de Fort Beaufort (Skota refere-se a 1874 como a data de seu nascimento, mas a sua irmã Katy usa a data de 1872). A sua mãe era professora e seu-* pai capataz na construção de estradas, e também era pregador leigo da Igreja Presbiteriana. Charlotte freqüentou a escola primária em Uitenhage e a escola secundária em Port Elizabeth. Ela desejava ser professora.
Pouco depois que a família se mudou para Kimberly em 1890, Charlotte e sua irmã Katy foram convidadas pelo grupo de cantoras Jubilee e fizeram uma turnê pela Grã-Bretanha. Foi uma época muito emocionante e o coral foi convidado a cantar para a Rainha Victoria. Durante a turnê Charlotte conheceu estudantes da Universidade de Wilberforce nos Estados Unidos, e percebeu por primeira vez, que na América existiam oportunidades para estudantes negros, que não havia na África do Sul. Ambas as irmãs, aprenderam a falar inglês fluentemente com acento britânico. Quando retornaram para casa surgiu a oportunidade de fazer uma turnê pelos Estados Unidos, com o grupo McAdoo. Katy decidiu ficar, e trabalhou como assistente do Dr. MacCord do Conselho Missionário Americano. Charlotte viajou para a América como integrante do coral.
Nos Estados Unidos ela conheceu o Bispo Derrick da Igreja Metodista Episcopal Africana (IMEA) que lhe conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade de Wilberforce em Ohio. Ela conseguiu oportunidades para outros estudantes africanos em Wilberforce; um dos estudantes foi Marshall Maxeke, com quem se casou posteriormente. Outros foram: James Tantsi, Charles Dube, Henry Msikinya e Edward Tolityi Magaya.
Durante a estadia de Charlotte na América ocorreram mudanças na igreja no Transvaal. O primo da sua mãe, Mangena Mokone, decidiu sair da Igreja Metodista e fundou sua própria Igreja Etíope. Katy leu as cartas da sua irmã para Mokone. As cartas falavam de uma igreja na América sob controle negro onde havia oportunidades para educação e liderança. Mokone compartilhou o que ele tinha escutado com outros líderes da Igreja Etíope. Em 1986 decidiram convidar a IMEA a unir-se com a Igreja Etíope. Charlotte Manye intermediou a fusão. Ela se tornou uma das pioneiras da IMEA na África do Sul. Apesar de não poder ser uma anciã por ser mulher, ela serviu no comitê missionário e era convidada a dar palestras sobre missão nas conferências da IMEA. Em 1901, Charlotte disse que estava muito honrada e declarou: “É para mim um elogio a rara oportunidade que recebo… Poder falar na minha própria conferência pela primeira vez na minha humilde vida”.
Em 1903, Chralotte Manye casou-se com Marshall Maxeke, que na época tinha um B.A. (bacharelado) obtido em Wilberforce. Trabalharam juntos como missionários da INEA, primeiro em Pietersburg no Transvaal, e depois em Idutywa no leste do Cabo. Foram convidados pelo chefe Enoch Mamba, que teve desentendimentos com as autoridades coloniais, a fundar uma escola.
A educação passou a ser uma prioridade para os Maxekes, e em 1908 fundaram o Instituto Wilberforce da IMEA em Evaton no Transvaal. A influência de Charlotte Maxeke começava a ser sentida de maneira mais abrangente. Ela era convidada para falar em reuniões sobre vários assuntos. Por exemplo, em 1951 na Conferência Geral Missionária, ela proferiu uma palestra intitulada: “A Mãe Cristã Nativa”.
Maxeke foi membro fundadora e presidente da Liga Feminina Bantu, Instituição antecessora a Liga Feminina do Congresso Nacional Africano. Seu marido já era membro do CNA desde sua fundação, o que despertou um interesse íntimo na organização. Maxeke, através da Liga, trabalhou para distensão legal do Estado Livre.
Quando os Maxeke se mudaram para Johanesburgo, a preocupação principal de Charlotte passou a ser a Igreja. Ela se engajou em ação social e começou o departamento de emprego. Foi nomeada oficial de justiça, a primeira mulher africana a ocupar tal posto. Seu trabalho nas cortes colocou-a em contato com os efeitos da desintegração da vida familiar e os problemas causados pelo sistema de trabalho imigrante. Ela procurava um espaço de encontro entre as mulheres brancas e negras, mas não obteve muito sucesso. Através destas ações ela procurava um melhor entendimento dos problemas enfrentados pelos africanos urbanos.
Em 1928 Maxeke foi enviada para a América como delegada da Conferência da IMEA. Na década de 30, ela continuou a dar palestras tais como a Convenção de Todos os Africanos em Bloemfontein, onde ela teve um papel de liderança na fundação do Conselho Nacional das Mulheres Africanas.
Trabalhou até o fim, faleceu quatro anos depois de Bloemfontein, em 1939.
J. A. Millard
Bibliografia
Campbell, J. “Our Fathers, Our Children: The African Methodist Episcopal Church in the United States and South Africa.” Tese de doutorado não publicada. Stanford University, San Francisco, 1989.
McCord, M. The Calling of Katy Makanya. Cidade do Cabo: David Philip, 1995.
Minutas da Conferência da IMEA de 1901.
Relatório da Conferência Geral Missionária de 1925.
Skota, T. D. M. The African Who’s Who: An Illustrated Classified Register and National Biographical Dictionary of Africans in the Transvaal. Johannesburgo: CNA, 1965.
Walker, C. Women and Resistance in South Africa. Cidade do Cabo: David Philip, 1982.
Esse artigo foi reproduzido com permissão de: Malihambe - Let the Word Spread, copyright © 1999, por J. A. Millard, Unisa Press, Pretória, África do Sul. Todos os direitos são reservados.