Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Tile, Nehemiah (B)
Nehemiah Xoxo Tile fundou uma igreja tribal independente em 1884 e lhe deu o nome de Igreja Nacional Tembu. Ele pode ser considerado o pioneiro do movimento etíope na África do Sul.
As origens de Tile são incertas. Nasceu em Tembuland e dizem que foi batizado pelo Rev. Dugmore da Igreja Metodista Wesleiana. Estudou em Butolo, tornou-se pregador leigo e logo evangelista.
Em 1870 foi enviado a Pondoland onde se tornou amigo do Chefe Supremo Mhlontlo e do Chefe dos Basutos, Lehane. No ano seguinte foi transferido para Shawbury onde trabalhou com o Rev. E. Gedye. Seguindo o estilo Metodista de ministério itinerante em 1872 ele foi trabalhar com o Rev. Peter Hargreaves no distrito de Clarkebury. Logo voltou a trabalhar entre o seu povo Tembu e teve um ministério bem sucedido em Cwecini perto de Clarkebury. O Chefe Ngangeliswe o autorizou a construir uma igreja no ano seguinte e o seu trabalho como evangelista prosperou.
As autoridades Metodistas decidiram enviar Tile a Healdtown para fazer um curso de teologia de três anos. Ali conheceu James Dwane que também se tornou líder de uma igreja independente. Tile foi aceito como ministro em estagio probatório em 1879, mas saiu da Igreja Metodista antes de ser ordenado.
Em 1882 Tile trabalhou em Xora onde entrou em conflito com as autoridades eclesiásticas e coloniais. Foi acusado pelos colonialistas de incitar o povo a não pagar impostos. O Departamento de Assuntos Nativos do Cabo exigiram que os líderes Metodistas o disciplinassem e Tile foi convocado a dar explicações sobre suas ações. Ele tornou-se assessor do chefe que lutava por mais independência para o povo Tembu. Ele se pronunciou em reuniões publicas e inclusive escreveu sobre o assunto aos jornais.
Ao mesmo tempo Tile teve um desentendimento com o Rev. Theophilus Chubb. Tile tinha doado um boi para o ritual de circuncisão para Dalindyebo, o filho do chefe. Chubb não tolerava as práticas culturais tradicionais, no entanto para Tile elas eram parte da vida do povo.
Em 1882 Tile deixou a Igreja Metodista e dois anos depois fundou a Igreja Nacional Tembu em Qokolweni, então parte do Transkei. Tile tinha grande respeito pela Coroa Britânica e nomeou o Chefe Ngangelizwe como cabeça da igreja, uma cópia da Igreja Anglicana. A Igreja Nacional Tembu foi criada com a intenção de ser uma força unificadora da nação Tembu.
No começo Tile teve grande sucesso e acrescentou as palavras ‘África do Sul’ ao nome da igreja para incluir aqueles que não eram do povo Tembu. A igreja ganhou membros que se espalharam até o Transvaal onde eram conhecidos como ‘Tilitas’.
Tile treinou seus ministros de acordo com a Igreja Anglicana. Ele mesmo matriculou-se como estudante de teologia no St John’s College em Umtata para aprender a doutrina Anglicana (Evidence SANAC). Ele não reagiu contra a Igreja Cristã, mas contra a intolerância das autoridades Metodistas.
Em 1884 Dalindyebo sucedeu seu pai como chefe. Durante algum tempo ele apoiou a igreja de Tile, mas em 1885 ele voltou à igreja Metodista e retirou o apoio aos ‘Tilitas’.
Tile faleceu em 1891 e foi sucedido por Jonas Goduka, embora no seu leito de morte tenha outorgado a tarefa de continuar o trabalho da igreja a três de seus ministros, Gqamani, Kula e Mkize. Posteriormente houve uma divisão na igreja e alguns membros seguiram a Goduka e outros escolheram Ggamani como seu líder.
J. A. Millard
Bibliografia
Clarkebury Mission, Tembuland Centenary Souvenir 1830-1930. A Igreja Metodista Wesleiana da África do Sul.
MS 15 207. An Outline of the Missionary Background of the Methodist Church in the District of Engcobo. Biblioteca Cory, Grahamstown.
Minutas da reunião de 1873 do Distrito de Queenstown.
Minutas da Evidência da Comissão de Assuntos Nativos da África do Sul, 1903-1905.
Pretorius, H. “Nehemiah Tile: A 19th Century Pioneer of the Development of African Christian Theology.” Journal for the Study of Religion, 3(I), (1990).
Saunders, C. “Tile and the Tembu Church: Politics and Independency on the Eastern Cape Frontier in the Late 19th century.” Journal of African History, 11 (4), (1970).
Journal of Religion in Africa, 16 (3).
Skota, T. D. M., ed. The Africa Yearly Register: Being an Illustrated, National, Biographical Dictionary (Who’s Who) of Black Folks in Africa. Johannesburg: R. Esson, 1933.
The South African Methodist. 26 de maio de 1892.
Este artigo foi reproduzido com a permissão de: Malihambe - Let the Word Spread, copyright © 1999, by J. A. Millard, Editora Unisa, Pretôria, África do Sul. Todos os direitos reservados.
Conexão externa:
Encyclopaedia Britannica (artigo completo): Ethiopianism