Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Amale, Hakalla

1905-1991
Igreja Kale Heywet
Etiópia

Hakalla Amale foi a primeira mulher convertida na área de Kambatta Hadiya. Ela é lembrada pela sua resistência para suportar perseguições no começo da igreja.

Ela nasceu em Kaburbaya, Ballessa, Hosanna Shoa, Etiópia, seu pai era Amale Kassamo e sua mãe Faysse Lamonko e falava a língua Hadiya. Ela tornou-se a terceira esposa de Ato Jate Malegu que a seqüestrou e forçou a casar-se com ele. As suas duas primeiras esposas tiveram somente filhas mulheres e ele achava que Hakalla lhe daria filhos homens. De fato ela teve três filhos homens, Assefa, Estefanos, e Eshetu.

Hakalla escutou o evangélho pela primeira vez do filho do seu tio Shigute Dadda, e abraçou a fé em Cristo na idade de dezoito anos, no mesmo ano em que ela teve seu primeiro filho. Ela aprendeu a ler a Bíblia, uma conquista rara inclusive para homens naquela época. A sua família de ambos os lados tentaram forçar o seu marido a divorciar-se dela por causa da sua fé mas ele recusou-se porque ela tinha lhe dado um filhos homem. Hakalla foi açoitada com couro de hipopótamo e forçada a mastigar este mesmo couro como sinal de que ela renegaria sua fé. Mas ela não negaria a Cristo. Tarde a noite o seu irmão e Shigute a visitaram , oraram com ela, e fortaleceram sua fé.

Enquanto Hakalla estava grávida de seu segundo filho, a perseguição aumentou. Os anciãos da vila vieram a sua casa, a forçaram para fora da casa, e exigiram que ela negasse a Cristo, ameaçando amaldiçoa-la caso ela se recusasse. Nesse dia em particular ela estava preparando uma poção tradicional que o povo acreditava que facilitava o trabalho de parto e o nascimento. NA presença deles, ela bebeu a poção no nome de Cristo. Os homens então amaldiçoaram-na. Hakalla estava disposta a morrer antes negar a Cristo. Mais tarde naquele mesmo dia, ela deu a luz ao seu saudável segundo filho e o povo viu que o poder de Cristo tinha vencido a maldição. Hakalla recebeu a ordem de não se comunicar com seus vizinhos em hipótese alguma. Apesar disso o número de crentes continuava crescendo. Quando o seu parente Ato Aba Gole creu a sua converssão aliviou a persseguição. Mais tarde o seu marido acreditou. Hakalla testemunhava na sua própria vila e frequentemente caminhava ou cavalgava a vilas distantes para testemunhar e pregar.

Hakalla é conhecida por seu forte testemunho na família o que levou ao seu esposo seus filhos e netos a Cristo. Ela foi a primeira mulher em serviço cristão quando a igreja Dubancho se estabeleceu. Foi uam forte defensora da alfabetização das mulheres, Hakalla viajou para Lemu, Kambatta, Shone, Sike, Wolayta e visitou muitas congregações tão longe como Ambo e Addis Ababa para ensinar as mulheres a ler. Ela prestou grande apoio quando o grupo de mulheres se organizou e foi convidada a dar seu testemunho na Assembléia Geral das Mulheres, Também foi a única mulher com a fé suficientemente forte e determinação autorizada a entrar nas prisões. Ela serviu a prisioneiros creistãos viajando longas distâncias para levar-lhes comida fresca. Ela foi modelo de hospitalidade e hospedou muitos viajantes cristãos e estudantes assim como alguns dos seus próprios perseguidores. Inclusive na sua velhice ela liderou um grupo de mulheres na sua igreja local. Ela escreveu uma canção: “Senhor Jesus, meu coração deseja ardentemente estar contigo” (“Wedante Yesus hoi libey yinafkal”).

Aos oitenta e cinco anos de idade, ela disse aos seus filhos que um dia ela ficaria doente. Dois dias depois ela faleceu.

Belaynesh Dindamo


Bibliografia

Entrevista feita pela autora a Hakalla Amale.

Relato das testemunhas oculares Assefa Jate (Lider da igreja KHC e filho de Hakalla Amale) e Ato Kedamo Mechato (pastor da KHC).


Este artigo, recebido em 2002, foi pesquisado e escrito por Belaynesh Dindamo do Departamento Feminino da Igreja Kale Heywet.

Este artigo foi traduzido da língua inglesa por Cloves Cardozo Carreira ([email protected]), tradutor e intéprete, Florianópolis, Santa Catarina, BRASIL.