Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Machava, Simão
O Rev. Simão Machava era filho de Thanda Machava de Vulale. Simão nasceu quando o chefe Ngungunyane foi capturado durante a guerra de Maguigwane. Enquanto ainda novo, ele aprendeu a escrever o seu nome na escola Católica Romana em Macupulane, Distrito de Manjacaze. Passou a beber de tal maneira que sua mãe, a Sra. D. Débora N’wamu Hlanga, receava que ele houvesse de morrer cedo.
Chegando às minas de Joanesburgo em 1918, ele assistiu à escola nocturna com os cristãos da Compounds Mission (que se uniu à Igreja do Nazareno em 1922). Foi ali que ouviu o evangelho pela primeira vez, mas parecia que não dava ouvidos à mensagem cristã.
Em 1919 o Sr. Machava adoeceu gravemente e foi para o hospital. Um amigo dele, Sr. Filemon Khongolo, levou-lhe um folheto tipo catecismo e colocou-o debaixo da sua almofada, e os homens cristãos oraram por ele. Machava ficou inconsciente e anunciaram que ele tinha morrido. O seu corpo foi posto na casa mortuária.
Um homem apareceu-lhe em sonho e chamou-o dizendo: “Vamos à residencial coletiva pregar a Palavra de Deus.”. O homem vestia-se de branco radiante e muitas pessoas o seguiam. O Sr. Machava levantou-se da placa de cimento para segui-lo e logo bateu de encontro a uma porta. Um enfermeiro ouviu o barulho na casa mortuária, e encontrou Machava. Ele deitou-o outra vez, pensando que o corpo apenas tinha caído. O sonho do Sr. Machava continuou, e o homem de branco o conduziu a um salão cheio de pessoas muito negras. O homem colocou uma cadeira no meio deles; mandou ao Sr. Machava assentar-se nela e logo desapareceu. Pouco depois descobriram que o Sr. Machava estava bem vivo, e em breve ele se recuperou.
Quando ouviram que ele morrera, os homens não cristãos, que compartilhavam o quarto com ele, apanharam o dinheiro dele (cerca de dez libras) e todos os seus bens. Nunca lhe devolveram as suas coisas. Machava ainda não era cristão, mas em 1922 ele se arrependeu.
Nesse mesmo ano ele regressou à sua casa em Macupulane. A esposa dele chamava-se Lea. Ele conheceu a Igreja do Nazareno, testemunhou de uma chamada para pregar e, em 1923, inscreveu-se no Colégio Bíblico em Pigg’s Peak, Suazilândia. A partir de Joanesburgo, a via férria só chegava até Barberton; a partir dali, era preciso caminhar a pé, numa jornada de pelo menos dois dias, andando por veredas difíceis pelas montanhas, até alcançar Pigg’s Peak.
Ali, em 1924, ele foi batizado com o Espírito Santo e testemunhou, “Eu senti que era de fato um filho de Deus.”.[1] No Colégio Bíblico, os outros estudantes deram-lhe a alcunha de “carne de corvo”, querendo dizer que, assim como não se come a carne do corvo, ele era repugnante ao diabo. O Sr. Machava era alto, tanto física como espiritualmente.[2]
Simão Machava preocupava-se muito com o lugar onde devia servir no ministério. O missionário dele, Rev. Isaac Lehman, pediu-lhe que trabalhasse em Joanesburgo. Ao orar acerca disto ele só encontrou paz quando disse ao Senhor que estava disposto a ir aonde quer que fosse enviado. Quando chegou de novo a Joanesburgo ele descobriu que Deus tinha falado a mais alguém acerca do trabalho ali. Então o Sr. Machava foi enviado novamente para a casa em Moçambique. A missionária Sra. Eva Rixse ajudou-o com os estudos (quarta classe). Ele então preparou-se para ser professor na Escola Alvor, em Manica.
De novo na missão em Tavane, em 1933 ele serviu como pastor, professor no Colégio Bíblico e líder da zona. Foi ordenado em 1947 pelo Superintendente Geral, Dr. Hardy Powers. Nesse ano ele foi estudar mais no Colégio Bíblico Nazareno em Suazilândia. A mãe dele, já idosa, morreu cristã; sua irmã, Eunice, casou-se com um pastor e o filho dela, Rev. Simeão Mathe, foi pastor da igreja em Tavane, a maior no distrito, por mais de 20 anos.[3]
Um colega missionário, o Rev. “Gaza” Charles Jenkins, que o conheceu durante toda a sua carreira, disse do Rev. Simão Machava que nunca lhe ouviu pronunciar uma palavra indelicada; e a vida e as ações dele apoiavam sempre a sua pregação. Depois duma doença prolongada por causa do cancro do fígado, o Rev. Machava chamou a igreja para junto da sua cama a fim de se despedir dela; embora mal pudesse falar, ele quis que cantassem louvores ao Senhor, e pregou. Os corações foram tocados. Alguns choravam ao pé da cama dele enquanto outros corriam para as suas casas a fim de arrumarem as suas vidas.[4]
Paul S. Dayhoff
Citações:
1.Simão Machava, manuscrito autobiográfico, (enviado pela Sra. Lorraine Schultz, Junho de 1992).
-
Rev. “Gaza” Jenkins, “Rev. Simon Machava”, Mutwalisi (O Arauto), revista na língua Tsonga da Igreja do Nazareno em Moçambique e África do Sul, (Florida, Transvaal, África do Sul: Nazarene Publishing House, Novembro-Dezembro 1960),5. João Z. Muchavi, “Rev. Machava”, Mutwalisi, (Maío-Junho 1961),11.
-
O. & M. Stockwell, 1989, The Tribe of God: A Collection of Stories from African Christians>, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, 1989), 68. Carta de Vicente Mbanze, (13 de Abril de 1995).
-
C. S. Jenkins, “Rev. Simon Machava,” Mutwalisi, (Novembro-Dezembro de 1960}, 5; Mutwalisi, (Janeiro-Fevereiro de 1961), 3; Mutwalisi, ( Julho-Agosto de 1961), 3-4.
Este artigo é reproduzido, com permissão do livro Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisada, direitos do autor © 1999, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.
Este artigo foi traduzido da língua inglesa pelo Rev. Roy Henck, missionário reformado para Cabo Verde, e pelo Rev. António Barbosa Vasconcelos, pastor cabo-verdiano.