Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Mulate, Luti Mambambari
O Rev. Luti (Ló) Mambambari Samuel Mulate é filho do pioneiro, Pastor Samuel Mulate. O nome dele, que quer dizer “vara”, faz referência à vara de Aarão no Velho Testamento. Quando, ainda infante, seu pai, Samuel Mulate, chegou à casa e viu amuletos à volta do seu pescoço, os quais lhe tinham sido dados pelo médico tradicional; a mãe dele, Abressa, o havia chamado quando Luti adoecera, mandou tirá-los. Ele orou, e a criança se recuperou. Pouco tempo depois, a mãe de Luti arrependeu-se e se converteu ao Senhor.
Luti entregou-se ao Senhor quando tinha sete anos. Passou a gostar da leitura da Bíblia e da oração. Havia lágrimas nos seus olhos quando testemunhava. Os rapazes da comunidade faziam troça dele, e deram-lhe a alcunha de “o Pequeno Ministro”. Antes de morrer, Samuel Mulate tinha pedido que o seu filho Luti fosse viver com os missionários no Instituto Bíblico Rehoboth (Rehoboth Bible College), perto de Joanesburgo. Quando completou doze anos, o rapaz conseguiu ir para Rehoboth.[1]
Em 1924, Luti acompanhou o Rev. Jona Mahalayeye e os missionários, Rev. David Jones e a sua esposa, Maud, bem como a família deles numa viagem à Inglaterra. Durante um exercício no uso dos salva-vidas, encontraram o rapaz chorando e orando, com medo de que estivessem em grande perigo. Ele contou que possuía um pano tipo xadrez numa caixa em casa, o qual tinha sido dedicado aos espíritos ancestrais. Aceitara o amuleto de um tio dele, para o não ofender. Ele prometeu queimá-lo assim que retornasse à casa.
Uma vez formado pelo Instituto Bíblico de Rehoboth (logo ao norte de Joanesburgo), Ló (como ele veio a ser chamado) frequentou a escola portuguesa, em Tavane, e depois em Maputo. Casou-se com a jovem Weceliya Cuamba (Esselina Micas) em 1936, e o seu primeiro pastorado foi em Muhambi, perto de Chaimite. Ló era um verdadeiro cavalheiro cristão e apoiava Jona Mahlayeye nos trabalhos do distrito. Como ele podia falar também o inglês, era responsável por grande parte da comunicação entre as igrejas em Moçambique e os dirigentes missionários na África do Sul.
Em 1952, o Sr. Ló Mulate era o dirigente em Chaimite e tornou-se superintendente do Distrito de Limpopo na Igreja do Nazareno. Ele foi sempre bom exemplo para os crentes e destacava-se nas Escrituras. Todos o respeitavam e honravam como um dos verdadeiros dirigentes na igreja. Aposentou-se com a idade de sessenta e cinco anos.[2]
A Sra. D. Weceliya Mulate (1916-1981) nasceu em Nguazani, Chibuto. O pai dela foi Mitine Micas Cuamba e a sua mãe chamava-se Mulidose Sitoe. Apoiava fielmente o seu marido, Ló Mulate, onde quer que ele fosse. Em 1973 ela adoeceu, e foi aos poucos ficando paralisada. Quando morreu, deixou onze filhos e dezoito netos.
No dia 20 de dezembro de 1959, o filho dos Mulates, Esabelani Ló, de oito anos, morreu em Chucumbane. Embora tão novo, ele era um cristão maduro. O rapaz costumava confortar os pais quando sabia que eles choravam e aconselhava-os a que tivessem paz, como dizia Jesus em João 14:27, “Não se turbe o vosso coração.” Ele orava assim: “Senhor, se quiseres curar-me segundo a tua vontade, eu hei de servir-Te. Mas se o tempo já chegou, seja feito segundo a Tua vontade.”
Numa reunião em 1987, o Rev. Ló Mulate testificou: “Eu amo ao Senhor Jesus por causa da salvação que tenho… Uma segunda obra foi feita no meu coração por Deus.”. A sua vila nativa, Bileni, foi devastada pela guerra e ele foi residir com seu filho, o Rev. Jonas Mulate, em Maputo.[3] Ló foi um homem fiel ao Senhor e o último dos presbíteros pioneiros a morrer.[4]
Paul S. Dayhoff
Citações:
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E. M. Jones, Our Spoke in the Wheel: The Stirring History of IHM Missionary Work in South Africa, (1924),52.
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Relatório escrito à mão por Reginald Jones, Manzini Mission Archives (Arquivos da Missão em Manzini). Vicente Mbanze, carta, (Maputo, 13 de abril de 1995).
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Relatório de Elifaz Mateus Mazimba, Mutwalisi (O Arauto), revista na língua Tsonga da Igreja do Nazareno em Moçambique e África do Sul, (Florida, Transvaal, África do Sul: Nazarene Publishing House, Agosto de 1982), 9. Luti Mulate, “Testimony” (“Testemunho”), Mutwalisi, (dezembro de 1987), 10.
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Vicente J. Mbanze, carta, (30 de Janeiro de 1997).
Este artigo é reproduzido, com permissão do livro Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisada, direitos do autor © 1999, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.
Este artigo foi traduzido da língua inglesa pelo Rev. Roy Henck, missionário reformado para Cabo Verde, e pelo Rev. António Barbosa Vasconcelos, pastor cabo-verdiano.