Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Phiri, Tomás

1934-2005
Igreja do Nazareno
Moçambique

O Tomás Phiri nasceu na vila de Kapinga na Província de Tete, Moçambique. Os pais dele, o Kaole e a Gome Phiri, não eram crentes. Ele estudou na escola na Missão Nazarena de Miwanga na vila de Furancungo de 1949 até 1953. Ele casou-se com a menina, a Nadies Kampione em 1952. No ano seguinte ele foi trabalhar na cidade de Harare, Zimbabwe, trabalhando como um cozinheiro por um homem europeu. Ele regressou para casa em 1959.

O Phiri conta a história daquilo que aconteceu no dia 9 de Outubro daquele ano durante a assembleia distrital da igreja em Miwanga:

Eu escutava ao pregador do ultimo banco da igreja. Aí, na profundidade do meu coração, eu vi a mão grande do Senhor e ele falou comigo: “Venha para mim, meu filho.” Eu tentei ignorar as palavras, mas as palavras vieram de novo. “Falo para ti, meu filho.” Encontrei-me aos joelhos perante o altar à frente da Igreja como eu fosse transportado pelo vento. Percebi que o Espírito Santo me transportou para a frente da igreja e foi aí que eu percebi que foi o Espírito santo que me levou aí. Eu recebi o Cristo como meu salvador pessoal. O missionário, o Rev. Norman Salmons, visitou-me em casa frequentemente. Ele encorajou-me e deu-me emprego com a sua família até eles partiram para além mar.

O Rev. Oscar Stockwell e a sua esposa, a Marjorie, vieram em 1960 e encorajaram-no ir estudar na escola bíblica na Missão Tavane, Machulane, na Província de Gaza. Foi aí junto com a sua família em 1961 e ensinava na escola depois de completar os estudos. Em 1966, ele regressou ao Furancungo para servir como pastor da Igreja de Macanga, não muito distante da vila. Em 1969, o Phiri foi ordenado à Missão de Tavane pelo superintendente geral, o Dr. V. H. Lewis.[1] Em setembro de 1970, a guerra de independência intensificou-se e os missionários foram forçados sair da missão de Macanga. Assim, o Phiri ficou aí e serviu como dirigente da igreja naquela área.

A Sra. Nadies Phiri conta a sua história:

Eu nasci em 1938 aqui em Furancungo. Os meus pais não eram crentes e nunca assistimos aos cultos da igreja, mas eu tive uns amigos que assistiram aos cultos. Às vezes eu seguia aos meus amigos para a igreja mas eu ainda não era crente porque nunca arrependei-me. Quando nós nos casámos, nem o meu marido nem eu éramos crentes, mas encontramos Jesus como Salvador pessoal em 1959. O nosso casamento foi realizado pelo Rev. Stockwell antes de partirmos para assistir à escola bíblica em Tavane. Depois do nosso casamento, servimos na Igreja do Nazareno de Furancungo. Com esta nova vida, esquecemo-nos todas as antigas festas com as bebidas que antigamente realizamos. Só tivemos contentamento e alegria até a chegada da guerra na nossa zona em 1970.

Os soldados do governo vieram à missão para proteger a gente e passaram muitas noites sem dormir devido ao barulho dos tiros vindo dos grupos que atacaram naquela zona. Numa manhã, a Nadies foi para a quinta com a sua filha. Cerca de uma hora depois, o som de tiros veio daquela direção e a luta foi muita pesada. O Tomás disse: “Não consegui resistir chorando lágrimas por minha esposa e minha filha. Todos nós pensávamos que elas foram mortas. Os tiros cessaram e no meio da tarde e o inimigo deixou a área. À noite veio alguém à porta e bateu-lhe sossegadamente. Abri a porta e eles estavam lá, vivas! O Senhor mostrou-me a sua glória protegendo-as e nós só ficamos juntos mantendo silêncio por muito tempo.”

Por 1971, a igreja foi ocupada pelos soldados e por isso, a gente foi forçada realizar a adoração sossegadamente nos seus lares. O Phiri escreveu ao missionário e o Rev. Stockwell e o Rev. Spencer vieram à missão de helicóptero. O comandante do exército deu-lhe só cinco minutos para falar com os missionários. Ele perguntou ao Rev. Stockwell o que eles deveriam fazer. O Stockwell respondeu, “Faça o que o Espírito Santo lhe diz para fazer.” O helicóptero saiu e o Phiri ficou de pé com lágrimas nos seus olhos. Os crentes continuaram orando e jejuando nos seus lares. Depois de três dias, sentiram-se dirigidos fugir, e assim escaparam para Malawi. Deixaram a zona de Furancungo na manhã do dia 3 de Abril. Foi uma experiência cheia de terror. Andaram de pé com as crianças pelo mato. Por causa do medo de encontrar os soldados, eles andaram só durante à noite, mas isso foi o tempo quando as leões formam o mais perigoso. Durante o dia, eles esconderam-se. Passaram durante quarto noites no mato andando para Malawi.

Ao chegar em Malawi, foram bem recebidos por Malawianos amáveis e pelo Chefe Kaponda. Ele ofereceu-lhes um lugar para viver na vila de Mtundu perto da cidade de Lilongwe. Eles adoraram com os crentes de Lilongwe. O Phiri realizou cultos em baixo de uma árvore e finalmente contactaram o Rev. James Graham. Ele estava a pregar e distribuir panfletos no bazar de Lilongwe. O missionário deu louvores que eles conseguiram escapar. Ele encorajou-os e visitava o acampamento onde estava um grande grupo de refugiados vivendo com eles. Uns dos refugiados estavam doentes. Outros foram feridos num bombardeamento pelo qual eles passaram no caminho. Eles estabeleceram várias igrejas nazarenas nos acampamentos daquela área. As igrejas foram estabelecidas na Chadika Misale, Nsinde Misale, Nsumba, e Kapiri na Mchinji. Estas igrejas ficaram oficialmente organizadas e ainda estavam a funcionar em 2005.

Em 1974, o Phiri foi pedido dar aulas na Escola Bíblica de Bangwe no bairro de Limbe, na cidade de Blantyre. Ele ficou o vice diretor da escola, trabalhando com o Rev. Hagens. Uma vez tiveram uma interrupção das atividades devido a greve dos estudantes que estavam dinamizadas politicamente. O polícia foram chamados e o Rev. Spencer, o superintendente da missão nazarena por África, veio para resolver o problema. Quando a escola foi transferida para Lilongwe em 1985, o Phiri foi eleito para dirigir a igreja de Bangwe onde ele continuou por mais cinco anos. Em 1990, ele foi pedido ir a cidade de Dedza na região central do país e ele serviu em Dedza por seis anos. Tómaz Phiri foi visto como um ministro nazareno bastante forte. [2]

Em 1996, o Phiri regressou a Moçambique com a ajuda do Dr. Ken Walker, diretor do Campo Lusófono da Igreja do Nazareno, e do Dr. R. F. Zanner, Diretor Regional da África. Ao regressar a Moçambique, o Phiri estabeleceu-se na missão de Macanga perto da vila de Furancungo, na Província de Tete. Ele ficou o superintendente distrital do distrito novamente organizado de Macanga e continuou nesta capacidade até a sua reforma na assembleia distrital de 2005. Três dias depois da assembleia, ele faleceu. [3]

A Nadies conclui a sua história com estas palavras:

Dou graças ao meu Senhor porque Ele é maravilhoso e cheio de graça. Era possível por nós ter morrido na guerra, mas Ele nos salvou e agora estou servindo-o no Furancungo. Estou a ajudar as outras senhoras conhecer o Cristo que fez maravilhas para mim. Nunca olho para trás, mas sempre olho para a frente antecipando a volta do Senhor. Os meus filhos e netos já foram todos apresentados ao Cristo e ao Salvador e eu sei que quando eu morrer eles vão levantar e espalhar a boa nova. [4]

O Rev. Tómaz Phiri faleceu no dia 13 de Julho de 2005. Ele sofrera de cansaço e tonturas por uns dias e durante a assembleia distrito na Macanga ele experimentava uma falta de ar e uns dores do peito. Um colega escreveu: “Estamos louvando a Deus pelo testemunho e vida deste grande Cristão moçambicano e pela influência que ele teve na Igreja do Nazareno em África. [5] O Diretor do Campo Lusófono da Igreja do Nazareno do então, o Rev. Eugénio Duarte disse, “Isso é uma perda grande pela família nazarena. A igreja sentirá a falta dele e eu oro que mesmo depois do falecimento do Rev. Phiri, o caminho deste servo fiel continuar ajudar muitas pessoas conhecer, amar e servir o Senhor Jesus. [6]

Paul S. Dayhoff


Notas:

1.Lebone la Kgalalelo, (The Lamp of Holiness), Pedi/Sotho/Tswana revista da Igreja do Nazareno na África do Sul, (Florida, Transvaal, South Africa: Nazarene Publishing House, vol. 3, no. 2, 1970), 9.

2.Hughlon R. Friberg, Like a River Flowing: The Church of the Nazarene in Africa and the Republic of Cape Verde, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, 1982),39. Trans African, (Florida, Gauteng, South Africa: Africa Nazarene Publications, March-April 1990},11. Rev. Enoch Litswele, carta, (April 10, 1993).

Agnes Graham, carta, (January 29, 1996). Marjorie Stockwell, conversa telefónica, (June 21, 1996). 3.Weekly Summary, (Kansas City, Mo.: Nazarene Publishing House, August 16, 1996).

4.Mrs Nadies (Kampione) Phiri, written autobiographical report, (May 6, 2001).

5.John and Carol Fillmore, carta eletrónica, (July 14, 2005).

6.”Celebrating the Life of a great Mozambican Christian,” Out of Africa,(Florida, Gauteng, South Africa: Africa Nazarene Publications, 18 July 2005), 1.


Este artigo reproduzido, com permissão, da Africa Nazarene Mosaic: Inspiring Accounts of Living Faith, primeira edição, direitos autorais © © 2001, por Paul S. Dayhoff. Todos direitos reservados.