Coleção Clássica DIBICA
Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.Siweia, Paulo
O Rev. Paulo Mizini Themba Siweia foi um dos pioneiros da Igreja do Nazareno em Moçambique.
Um dos seus ancestrais, Sifunda, colocou o nome do seu filho Sikupukiye ou Siwela, referindo-se aos rios, tais como Inkomati, os quais eles tinham atravessado ao viajar de Zululand. Um dos filhos de Siwela era Mawelele que se tornou chefe e deu o nome à localidade. Shimburunja (um dos filhos de Mawelele e neto de Siwela) pertencia ao exército conquistador de Soshangane depois de fugir da tirania do Imperador Zulu, chamado Chaka. Um bisneto de Shimburunja chamado Phambane (que significa “separação”) faz referência entre o Rei Muzila do império de Gaza e o seu irmão Mavewe.
Phambane era o avô de Paulo Mizini Themba Siweia. Phambane chamou o seu filho Themba (“Esperança”), para expressar o desejo de ganhar a Guerra contra os colonizadores portugueses. Mas o chefe Ngungunhane foi capturado pelo general Mouzinho de Albuquerque e enviado a Portugal. Em 1897 Themba teve um filho, Paulo Mizini Themba Siweia.
A mãe de Paulo era uma tia-bisavó do Dr. Edwardo Mondlane, fundador do movimento Frelimo em 1962. Em 1907 Paulo e a sua mãe aceitaram o cristianismo na África do Sul através do ministério do Rev. Bucher. Então, em 1922, Paulo Siweia tornou-s e um Nazareno quando a sua igreja na terra natal, em Moçambique ficou sobre administração da Igreja Nazarena.
A sua esposa Rosita ‘Nyamun’wani (Sitoie) Siweia era da Igreja Chiwumbane em Mussengui, Manjacaze, pastoreada pelo Rev. Samuel Mulate. Uma carta de um parente, Jesse Sitoie, escrita enquanto trabalhava nas minas em Joni (Johanesburgo), encorajava Rosita a ir à igreja para que pudesse ir à escola nas aulas noturnas. Com intuito de preservar as suas tradições, os pais geralmente proibiam as meninas de ir à escola aprender português. A Rosita entrou na igreja do Rev. Isaac Lehman em Jatigue e foi uma líder entre as moças. A igreja obrigava as meninas a usar vestidos no lugar das roupas tradicionais que não eram consideradas modestas. Também lhes exigiam retirar os colares e pulseiras tradicionais. Rosita noivou com Paulo Siweia quando ele fez a sua segunda viagem às minas em Johanesburgo para trabalhar.
Os Siweia se casaram de acordo com o costume tradicional. Na igreja, toda a comunicação entre os casais noivos tinha de ser através dos pastores e isto dificultava muito que as pessoas jovens se casassem nas igrejas. O seu primeiro filho, Moises Paulo Siweia nasceu em 1924. No entanto, Paulo e Rosita foram os primeiros a celebrar o casamento ao estilo cristão, pelo Rev. “Gaza” Jenkins em Jatigue em 1926. Paulo e Rosita Siweia acharam ajuda spiritual e foram líderes dos grandes avivamentos dos anos vinte. Durante estes avivamentos, Siweia era um proeminente líder em Fujuca, Macuacua. Depois disso Siweia tornou-se assistente do Pastor Mulate. Mais tarde, ele foi líder na região de Alto Chengane no distrito de Manjacaze.
A família mudou-se da região de Chiwumbane, na região de Chibuto para a região do distrito de Manjacaze em 1925, quando Siweia foi nomeado pastor na área de Fujuca. No começo, não permitiram que Rosita o acompanhasse, porque era na região de Macuacua, na floresta onde havia muitos animais selvagens incluindo leões, leopardos e elefantes. O filho deles, Moises Paulo, conta como uma vez ao entardecer, ele e os seus amigos jovens foram perseguidos por leões e o rebanho que eles estavam pastoreando espalhou-se. Eles viam hipopótamo durante o dia e as hienas matavam os cabritos durante a noite. O povo lá vivia em grande escuridão espiritual. A adivinhação e a bebedeira eram exageradas.
Eles acharam o Sr. Lazaro Sitoe entre outros adoradores. A congregação começou a visitar as pessoas e a convidá-las para os cultos na igreja. Novas congregações começaram em Cuaie e Chengane. As pessoas viajavam em burros e atravessavam rios perigosos na época de cheias. A missionária Srta. Mary Cooper, Mihlotini (“em pranto”) [1], os visitou e realizou reuniões de avivamento e os ajudou a construir a igreja. Ela andava numa carroça guiada pelo Sr. Dias Mucavele. Siweia continuou no trabalho do Senhor com energia e humildade. Em sua opinião, ele conseguia ganhar pessoas para o Senhor, devido a sua fé em Deus, ao seu compromisso e ao fato de ter sido batizado pelo Espírito Santo. [2]
Em 1987 a Sra. Rosita Siweia escreveu:
“Apreciamos os missionários brancos porque eles nos mostraram a verdade. Eles nos encorajaram a resistir aos costumes tradicionais… Não tínhamos escutado sobre santificação, mas somente sobre arrependimento e abandono das coisas obscuras. Pregadores de Jatigue pregavam sobre remover as raízes do velho homem do coração. O grande avivamento de santidade de 1928 veio até nós numa semana de oração. Nós nos regozijamos grandemente. Foi como o dia de pentecostes. Graças a Deus por aquilo! A Srta. Estere Guiva foi grandemente abençoada naquela ocasião. Eu quero morrer no Senhor nem que tenha que enfrentar muitas dificuldades.”
Os filhos de Siweia completaram todas as séries oferecidas nas escolas rurais e depois foram para Maputo para continuar os estudos. Paulo Siweia foi ordenado pelo Dr. J. G. Morrison em 1939 junto com os pastores John Mazivila, Zephania Mhula, e Daniel Muyanga, todos de Moçambique.
O Rev. Paulo Siweia faleceu de repente, inesperadamente em 1968 em Fujuca. Havia 280 pessoas em seu funeral, incluindo pastores e anciãos da igreja e chefes da região. O Rev. Joao Muchave fez o enterro referindo-se a Jó 1:8, disse que assim como Jó, Siweia era: “(…) Irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mau”. O Professor Vicente Mbanze se referiu às palavras de Siweia nos últimos exercícios na Faculdade Bíblica de Tavane na semana anterior: “Mudidimela (Muhota) lo’wu tshiveliweke hi tihunyi ta nyenge (n’wenge)… O Evangelho aceso pelo Espírito Santo e a oração, não podem ser apagados aqui na Terra! Ele estava dizendo que o Evangelho chegou com dificuldades nesta terra. Os pregadores não suavizaram mensagem apesar da grande oposição. Eles desejavam ver o Evangelho firmemente plantado em Moçambique, e freqüentemente estava de joelhos orando. Tudo que temos hoje, aqui na Igreja do Nazareno, é produto de lágrimas e zelo”. [3]
O Missionário Rev. Charles Jenkins disse sobre Paulo Siweia em 1955, quando ele participou de uma reunião em Tavane onde Paulo Siweia era o presidente, “Nós o temos observado por muitos anos. Que monumento, da graça de Deus!” [4]
A família Siweia se estabeleceu em Maputo, devido os efeitos da Guerra civil em sua terra natal. O neto de Paulo e Rosita Siweia, Dr. Paulo Moises Siweia tornou-se superintendente do distrito de Maputo/Matola, e foi também o diretor da Faculdade Teológica em Maputo. Em 2003, foi nomeado diretor do campo Lusófono (o que inclui todos os países de fala portuguesa) na região da África.
Paul S. Dayhoff
Notas
-
Este nome foi dado à Srta. Mary Cooper porque ela frequentemente chorava durante as suas mensagens e orações.
-
Moises P. Siweia, “Rest from Your Labours, Great Warrior of Christ,” Mutwalisi (The Herald), Shangaan/Tsonga revista da Igreja do Nazareno em Moçambique e África do Sul, (Florida, Transvaal, South Africa: Casa Publicadora Nazarena, Novembro-Dezembro 1961).
-
Vicente James Mbanze, “Death of Rev. Paulo Siweia,” Mutwalisi, (Outubro-Dezembro 1968), 9-10.
-
Uncle Jenkins, “35 Years Later,” Africa Calling, (Londres e África do Sul: International Holiness Mission, vol.8, no. 3, Julho-Setembro 1955), 1.
-
Paulo Moisés Siweia, “The Origins of Siweia’s Family,” trabalho escrito na Faculdade Bíblica Siteki pelo Rev. H. Friberg em 1991. Rosita Siweia, “I Had Been Spiritually Starved,” Mutwalisi, (Julho 1986), 6-7; “The Revival of the Holy Spirit at Jatigue,” Mutwalisi, (Julho 1987), 6.
Este artigo foi reproduzido com permissão de: Africa Nazarene Mosaic: Inspiring Accounts of Living Faith, primeira edição, (Flórida, Gauteng, África do Sul: Publicações Nazarenas da África, 2002), copyright © 2001 por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos são reservados.