Como começou o DIBICA, e qual o seu futuro

Nove anos atrás, quando eu ainda era professor num seminário no Canadá, o Dicionário de Biografias Cristãs da África era uma idéia na incubadora, um pouco mais que uma modesta consulta acadêmica que aconteceu de 31 de agosto a dois de setembro de 1995. Financiado pela fundação Pew Charitable Trusts e sediado no Centro de Estudos de Ministérios no Estrangeiro (CEME), este convite para um evento explorou a necessidade de um Dicionário Internacional de Biografias Cristãs não-Ocidentais, com a África como foco principal.

Em 1999, dois anos após a minha chegada ao CEME, embarquei naquela que seria a primeira de minhas viagens anuais à África em prol do DIBICA. Desde então, tenho visitado universidades, seminários e centros de pesquisa no Quênia, na Etiópia, em Uganda, na Zâmbia, em Gana, na Nigéria, na África do Sul, na Nambíbia, no Egito, em Malawi e na Tanzânia.

Hoje, cento e cinco seminários, universidades e centros de pesquisa em vinte países africanos estão registrados como instituições participantes, com coordenadores de relações públicas nomeados, contribuindo para estabelecer um fluxo de materiais biográficos para o dicionário. Biógrafos na Etiópia competem para ter suas histórias lidas publicamente nas Palestras Frumentius sobre História da Igreja Etíope, realizadas anualmente. [1] Os três melhores pesquisadores/escritores são, além disso, honrados com um brinde de livros. Em um seminário de treinamento do DIBICA realizado na República Democrática do Congo em novembro de 2005, cada um dos participantes do seminário produziu uma biografia ao término da semana de aulas.

É particularmente estimulante o incentivo de que o Dicionário de Biografias Cristãs da África tenha chegado para gerar iniciativas semelhantes de coleta de dados em outros lugares. O Centro para o Estudo da Cristandade na Ásia (Trinity College, Singapura) está utilizando o DIBICA como um modelo para criar uma base de dados biográficos sobre cristãos na Ásia, assim como o Centro Don Bosco em Shillong, na Índia, e a Igreja Metodista da Trindade em Selangor Dural Ehsan, na Malásia. Em setembro de 2003, fui notificado oficialmente de que uma equipe editorial composta por membros do Departamento de Teologia Contextual do Seminário da União Bíblica, em Puno, na Índia, coordenada pelo Dr. Jacob Thomas e sustentada por um Conselho Nacional de Assessores da Índia, havia também empreendido um projeto biográfico nos moldes do DIBICA, mas com o foco sobre o subcontinente indiano. Em sua reunião trimestral em junho de 2005, o Conselho Diretor do Centro Global da China votou, por unanimidade, pelo patrocínio de um Dicionário Biográfico da Cristandade Chinesa inspirado e baseado no modelo do DIBICA. De setembro de 2005 até maio de 2006, o Dr. Yading Li, Diretor de Gestão para esse ambicioso empreendimento, esteve no OMSC (Centro de Estudos dos Ministérios no Estrangeiro), onde ele foi monitorado pela Gerente do Projeto DIBICA, Michèle Sigg, a fim de realizar a configuração da base para o empreendimento. O Dicionário Biográfico da Cristandade Chinesa foi finalmente lançado em abril de 2006 e pode ser encontrado em www.bdcconline.net.

A consciência acerca do Dicionário de Biografias Cristãs da África continua crescendo. Estamos aprendendo que o dicionário é utilizado de modo crescente por instrutores, que exigem de seus alunos que se habituem a utilizar a base de dados para suas tarefas de História da Igreja da África. Na qualidade de única fonte central de informações sobre biografias Cristãs da África, a página da web do DIBICA está experimentando uma quantidade regular de tráfego, conforme indicado pela tabela (abaixo).

Trimestre Média Diária de Visitas à Página
2004 904
2005 956
2006 986
2007 1,500
2008 1,240 [2]
January to July, 2009 2,024

Entre os vários desafios contínuos que o dicionário enfrenta, um óbvio é a dessemelhança de país, língua e teor denominacional. É facilmente visível que ao passo que o número de histórias em Inglês é relativamente abundante, com os verbetes em Língua Francesa vindo lentamente atrás, as línguas que representam as outras três língua franca da África não estão de todo representadas. Isso não decorre de nenhuma omissão nem negligência, mas das limitações lingüísticas dos dirigentes envolvidos e do fato de que o dicionário reflete apenas aquelas histórias que foram enviadas. Os facilitadores do DIBICA em New Haven não pesquisam, escrevem ou editam as histórias. As instituições participantes e seus coordenadores de relações públicas nomeados são a chave para os verbetes do dicionário. Atualmente estamos buscando financiamento para iniciar a tradução da base de dados para o Swahili, a Língua Portuguesa e o Árabe.

Além disso, há a qualidade algo irregular das histórias. Alguém que esteja pesquisando o DIBICA irá imediatamente ficar perplexo com a desigualdade das aproximadamente mil biografias que perfazem atualmente a base de dados. Algumas das histórias têm extensão de apenas uma ou duas frases, enquanto outras prolongam-se em vários milhares de palavras. Ao passo que uma exatidão acadêmica marca alguns dos verbetes, um grande número se origina de contribuições de pessoas que não são estudiosos nem historiadores. As histórias não tem proprietário, pertencem ao povo da África como um todo. Uma vez que esta é uma ferramenta de primeira geração, e assumindo que alguma memória é melhor do que a amnésia total, a qualidade variada dos verbetes tem sido tolerada e mesmo bem-vinda. Este é um esforço de primeira geração para garantir que haja um certo tipo de memória à qual os estudiosos e líderes de gerações subseqüentes irão ter acesso. Será deixada para outra geração a retificação das fragilidades e deficiências inerentes ao dicionário atual.

Os raspadores e as lâminas de pedra de nossos ancestrais do Paleolítico, considerados deficientes funcionalmente na nossa época, foram, apesar disso, ferramentas de sobrevivência da era deles. É inevitável que qualquer ferramenta anterior seja, pelos padrões de uma geração posterior, considerada primitiva ou insatisfatória. Mas, a fim de que o processo criativo não seja sufocado, é tranqüilizadora a lembrança de que com freqüência são justamente tais inadequações que despertam os usuários descontentes para a ação de desenvolver ferramentas melhores.

Apesar dos recursos financeiros risivelmente escassos e da infra-estrutura administrativa minimalista do DIBICA, aqueles de nós que estamos mais imediatamente envolvidos somos alentados e regozijados pelo seu reconhecimento crescente como uma fonte de informações única e comoventemente profícua sobre a igreja na África.

Jonathan J. Bonk, Diretor do Projeto


Notes:

  1. Go to Africa addresses for a list of Participating Institutions and designated Liaison Coordinators.
  2. This figure is only based on the numbers from November and December 2008. Stats for the other months are missing.