Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Bakanja, Isidore

1885-1909
Igreja Católica
República Democrática do Congo

Isidore Bakanja

Isidore Bakanja deu a sua vida pela fé cristã, viveu uma vida simples como um leigo católico na época das atrocidades cometidas pelo regime do Rei Leopoldo II no Estado Livre do Congo. Nasceu em Bokendela no Rio Congo ao norte da cidade de Mbandaka (antiga Coquihatville). Seu pai e sua mãe chamavam-se Iyonzwa e Inyuka, respectivamente. O próprio nome de Bakanja era pronunciado de diversas maneiras, Bakanda, Bakana, Bokando, Makanda e Makando. Logo após o vinte anos de idade, Bakanja desceu o rio até Mbandaka procurando emprego. Ali se tornou pedreiro e conseguiu emprego público na construção civil. No entanto que estava em Mbandaka conheceu alguns missionários católicos da Ordem Trapista (Cistercienses) e foi instruído e depois batizado na paróquia de St. Eugene em Bolokowa-Nsimba no dia 6 de maio de 1906. Recebeu a primeira comunhão e a confirmação mais tarde, naquele mesmo ano. Bakanja viveu a sua nova fé de modo muito simples alegrando-se com os dois sinais externos, o rosário e o escapulário que ele jamais deixava de usar. Pelo seu falar e o seu exemplo, atraiu amigos e conhecidos à fé cristã.

Bakanja então teve a idéia de retornar à sua vida para tralhar numa plantação de propriedade dos europeus. Apesar das advertências dos seus amigos, ele achou um trabalho como servente na casa de um supervisor de plantação chamado Reynders, em Busira. Quando Reynders foi transferido para Ikili, Bakanja o acompanhou. Lá o capataz da plantação era um tal Van Cauter, conhecido por ser um opositor fanático ao cristianismo e aos missionários cristãos. Bakanja cumpria suas tarefas de maneira consciente e a sua relação com Reynders era cordial embora este tenha tentado em vão persuadi-lo a deixar a sua fé cristã. Van Cauter, no entanto, ficou furioso com Bakanja quando ele se recusou a tirar o seu escapulário, e deu ordens para que ele fosse severamente açoitado. Bakanja aceitou a punição injusta no espírito de Jesus e sua paixão. Em outra ocasião, Van Cauter viu Bakanja rezando durante a hora de descanso e ficou irado. Ele ordenou o encarregado a açoitar Bakanja novamente, na mesma hora. Bakanja recebeu mais de 250 açoites com um chicote de couro de hipopótamo com pregos. Depois foi acorrentado e trancado em uma cela. Após certo tempo ele foi libertado e recebeu ordens para encontrar Reynders em Isoko. Sem poder caminhar bem, Bakanja escondeu-se na floresta. Depois de três dias foi descoberto por outro oficial chamado Dorpinghaus, que estava inspecionando a plantação. Bakanja foi levado até um barco no rio e seus ferimentos, os quais tinham começado a apodrecer, foram tratados. Seus ossos expostos lhe causaram grande sofrimento.

Em Ngomb’Isongo, onde o barco de rio parou, foi impossível parar a infecção. Morrendo de septicemia, Bakanja foi levado a Busira para ser cuidado pelos catequistas locais, e recebeu a visita de dois missionários trapistas nos dias 24 e 25 de julho de 1909, de quem recebeu os últimos sacramentos. Ele morreu no dia 15 de agosto, perdoando e rezando pelos seus perseguidores. Van Cauter foi levado a julgamento pelos seus empregados e lhe foi decretada a prisão perpétua. No dia 25 de abril de 1994, Isidore Bakanja foi beatificado pelo Papa João Paulo II, na presença de centenas de Bispos Africanos, padres e religiosos, presentes na Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos em Roma.

Aylward Shorter M.Afr.


Bibliografia

Raymond Boisvert e James Conlon, Bakanja (Nairobi: Edições Paulinas, 1996).


Este artigo foi apresentado em 2003, foi escrito e pesquisado pelo Dr. Aylward Shorter M.Afr., Diretor Emérito do Tangaza College Nairobi, Universidade Católica do Leste da África.