Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Sibandze, Leonard C.

1915-1989
Igreja do Nazareno
Eswatini

Leonard Sibandze

O Leonard C. Sibandze nasceu numa família tradicional na aldeia de Hhelehhele perto da vila de Pigg’s Peak, na região norte da Suazilândia. O pai dele, o Dumendlini, teve cinco mulheres. Quatro delas foram descendentes do antigo Rei Dlamini mas a mãe do Leonard, LaMlotsa, não teve nenhuma ligação real. Quando ele teve cerca de três anos, ele foi mandado viver com a avó que era a mulher do Chefe, Prince Gomba de Hhelehhele. O Leonard foi muito impressionado com a vida exemplar e testemunho alegre da Matobhi Dlamini, uma jovem de quinze anos e filha do Chefe. Ele ouvia as orações dela quando ela orava das manhãs e das noites, e o Leonard quis saber mais da vida eterna sobre a qual ela falava. [1]

Ele falava que, quando era menino ele ouviu histórias sobre o tempo de Natal que provocaram medo nele. Ouviu que os cristãos foram celebrar na Missão de Endzingeni. Teve medo porque ouvi que se alguém batesse uma outra pessoa, ou mesmo se a matasse, não seria preso porque era o tempo de “abrir sangue.” Além disso, ouviu histórias que o Natal foi o tempo quando pessoas que trabalhavam nas minas matavam um ao outro usando knobkieries (uma pau feito dum ramo de uma árvore). [2]

Numa manhã cedo, quando estava ordenhando as vacas, o pai dele veio buscá-lo. Contra a vontade do Leonard, o pai dele levou-o por força para sua própria casa. O pai deu-lhe porradas sobre todo o corpo de deixou-o com feridas sangrando. O pai ameaçou-o dizendo que ele o mataria se ele fugisse da casa. Mesmo assim, o Leonard fugiu da casa e escondeu-se em baixo de uma grande pedra nas montanhas por dois dias. Sentindo muita fome, o Leonard foi para a casa de um tio onde uma menina lhe contou que os parentes estavam a procura dele. Ela deu-lhe umas espigas de milho para comer, e ele regressou ao lugar onde ele estava a se esconder. Ao acordar no dia seguinte, do lugar alto nas montanhas, ele conseguiu ver o seu pai num lugar distante regressando para a sua própria casa.

O Leonard regressou à casa da avó dele mais tarde naquela manhã. Ela sentiu muito por ele e teve muito medo. Ela ungiu as feridas do Leonard com vaselina. Por este tempo, o Leonard estava a começar a ter febres. Então, a avó enviou-o, na companhia da rainha-mãe, para a residência do Chefe Goma Nkosi Dlamini. Aí o Leonard foi bem recebido e as pessoas contaram-lhe que estava salvo das ameaças do seu pai. O Leonard foi dado a responsabilidade cuidar das vacas, junto com os outros rapazes. Juntos os rapazes brincavam e lutavam corpo a corpo, e assim aprenderam coragem. Também, ele aprendeu o comportamento tradicional e como ter respeito para com os mais velhos. Entretanto, nenhum cristão morava neste lar e no coração ele sentiu muito porque sempre adorava os espíritos dos antepassados neste lugar.

Uma vez, quando o Leonard teve cerca de sete anos de idade, o Rev. Solomon Ndzimandze visitou o lar. Ele cantou um hino com as palavras, “Sou peregrino passando por esta terra por pouco tempo.” Quando teve nove anos de idade, o pai dele chegou. Com gentileza e numa maneira bem-educado, ele pediu se o Leonard pudesse regressar à casa para cuidar das vacas dele, porque ele planeava ir trabalhar na cidade de Joanesburgo. A mãe do Leonard já tinha deixado daquela casa, e não havia nenhum crente aí. O Leonard regressou e ficava com o Lakekela. Uma vez três meninas cristãs estavam a visitar os lares dando testemunhas. Elas acharam o Leonard com as suas mãos presas de tal maneira que ele não conseguiu as libertar. Elas ajudaram libertar as mãos dele e lhe disseram, “Nosso rapaz, o Diabo apanhou-te na armadilha dele, mas Jesus é capaz de te libertar.

Frequentemente o Leonard visitava a casa do pastor. Aí ele recebeu comida e também a Palavra de Deus. Um dia quando ele teve dez anos, o pastor convidou os rapazes vir á escola e escreveu umas palavras numa folha de papel com os olhos fechados. O Leonard estava muito impressionado com isso e esperava que ele pudesse fazer a mesma coisa. Noutro dia, o Leonard visitou a igreja. Ele estava tão sujo por causa de cuidar das vacas que sentou-se no chão. Mas, um outro rapaz convidou-o sentar no banco. Mesmo compartilhou o seu hinário com o Leonard. Esta ação de bondade ajudou-o decidir arrepender-se dos pecados e estudar na escola.

Num ano ao tempo de Natal, as irmãs levaram o Leonard para visitar o pai deles na África do Sul onde trabalhava nas minas. O Leonard ficou aí e morava com o Robert Dlamini, o filho cristão do Chefe Gomba Dlamini. No princípio o pai do Leonard recusou dá-lhe permissão assistir aos cultos na igreja. Ele disse que ele não quis nenhum vagabundo na sua casa porque pessoas que usava calças não eram pessoas de confiança. Mas no fim, o pai dele deu-lhe permissão. Foi aí que o Leonard, com doze anos de vida, aceitou o Jesus como Senhor. O pastor, o Phineas Dlamini, orou que o Senhor guiaria o Leonard e num dia fazê-lo um pregador. Aí o Leonard começou a estudar na escola às noites.

Em 1930, o Leonard regressou à casa da sua mãe onde ele precisava de tomar uma posição como cristão em muitos assuntos. Ao estudar na escola de Hhelehhele, o seu pastor era o Rev. Solomon Ndzimandze. Ele assistiu à escola de Pigg’s Peak e ajudou transferir a escola e a Escola Bíblica para a vila de Siteki em 1933. Ele fez toda a viagem, uma distância de mais ou menos 150 quilómetros, de pé. Ao estudar, ele amadureceu como cristão. Em 1935, ele começou a dar aulas na escola de Mphondla. Ele ensinava descalço porque ele não teve sapatos. Depois, foi estudar na Escola Secundária Nacional de Suazilândia e finalmente, na Adams College em Natal, África do Sul. Aqui ele graduou em 1941, junto com um outro pastor futuro, o Ralph Kunene.

Em 1943, o Leonard Sibandze casou-se com a Sra. Patricia Matfunjwa. Eles ensinaram juntos na escola de Hhelehhele onde o Sibandze também era o diretor da escola. Durante o tempo que ele serviu como diretor da escola da Endzingeni, ele sentiu a sua chamada ao ministério como pregador. Isso aconteceu durante um culto em 1951 onde o pregador foi o Rev. James P. Malambe.

O Sibandze inscreveu-se na Escola Bíblica em Siteki em 1956 e começou o curso de quatro anos. Ele sacrificou a sua profissão e bom salário como professor e serviu como pastor da igreja de Siteki. Em 1961, ele foi ordenado presbítero pelo superintendente geral, o Dr. G. B. Williamson. Durante a década de 1960, ele pregava na capela da escola cada semana. Os estudantes da escola secundária davam-lhe toda a sua atenção. O Sibandze pregava calma e deliberadamente, e os estudantes escutavam com tanta atenção que era quase possível ouvir uma agulha ao cair no chão naquela igreja tão grande.

Os seus anos como pastor foram marcados por sua sinceridade, humildade e amor. Ele foi profundamente interessado em ajudar outros pastores, especialmente aqueles com dificuldades pessoais. O Sibandze teve uma influência profunda sobre os homens da igreja. Ele ensinava-os como os homens cristãos devem ter respeito por suas mulheres. Frequentemente falava da força e habilidades da sua esposa, a Patricia, dando-lhe crédito pelo sucesso que ele teve no ministério. Sem considerar as posições que pessoas tivessem na sociedade, o Sibandze ministrava igualmente aos todos. [3] O pai dele aceitou Jesus como Salvador um pouco tempo antes de morrer, e a mãe dele converteu-se quando ele estava a estudar na escola bíblica. [4] Quando ele saiu da área de Siteki em 1969, o chefe daquela zona prometeu-lhe um terreno onde ele pudesse construir uma casa ao tomar a sua reforma.

O Leonard Sibandze foi eleito como o segundo superintendente distrital da Igreja do Nazareno na Suazilândia em 1969, e tomou a reforma em 1982. Durante este tempo, vinte e duas novas igrejas foram organizadas no distrito. Filiação em plena comunhão aumentou-se de 3000 até 5000. Um novo distrito foi estabelecido na zona sul do país em 1975. Ele dirigiu a Igreja do Nazareno no norte de Suazilândia para auto sustento complete e recebeu a classificação de “distrito regular” em 1980.

Depois de tomar reforma da superintendência, ele transferiu-se para Amanzimtoti na Província de Natal, África do Sul, para ensinar na Escola Bíblica Nazarena. Serviu assim de 1983 até 1985 quando regressou para Siteki, Suazilândia para ensinar na escola bíblica aí. O chefe cumpriu a sua promessa e deu ao Sibandze um terreno onde pudesse construir uma casa. Muitos pastores e leigos contribuíram a mão da obra para lhe construir uma casa. Ao fornecer as necessidades assim, Deus de facto cumpriu a promessa dada ao Sibandze quando ele era jovem de dezasseis anos. [5]

Em 1982, três anos depois do falecimento da sua esposa, Patricia, ele casou-se de novo. A sua nova esposa foi a Reva. Ellen Lomvula Mnisi. Ela servia como pastora bem-sucedida desde 1968 quando ele revivificou a igreja da Mvembili. Ela foi uma presbítera ordenada. [6]

De 1960, o Sibandze sofreu de diabetes e mais tarde teve problemas do coração. Depois da sua morte, a sua esposa, Ellen, elogiou o Rev. Sibandze dizendo: “Juntos tivemos uma vida familiar muito doce. Ele sempre mostrava respeito e humildade, mesmo durante as dificuldades. O seu rosto nunca mudou; era fiel, amava todos e nunca falava mal de ninguém. Todos gostavam de escutar às suas mensagens. Amava muito estudar a Bíblia. Pensava profundamente. Não quis ter nenhum inimigo. E frequentemente, orava com lágrimas nos olhos.” [7]

O funeral dele foi realizado na Igreja do Nazareno em Siteki e estava cheiíssimo! Houve uma multidão tão grande que um motorista que passou pensava que estava sendo realizado um casamento. [8]

Paul S. Dayhoff


Notas

  1. Siphiwe Sihlongonyane, estudante na Escola Bíblica Nazarena de Suazilândia, “L. Sibandze” (papel de pesquisa enviado por Hugh Friberg, 1990).

  2. Rev. L. C. Sibandze, “What Does Christmas Mean to Me?,”* Umphaphamisi* (O Arauto), Swazi-Zulu revista da Igreja do Nazareno para Suazilândia e África do Sul, (Florida, Transvaal, South Africa: Nazarene Publishing House, December 1975), 2.

  3. Sr. Lodrick Gama, apontamentos (Siteki, 2 March 1992).

  4. Ellen Whitaker, “25th Wedding Anniversary,” The Other Sheep, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, February 1970), 22.

  5. Trans African, (Florida, Transvaal, South Africa: Africa Nazarene Publications, March-April 1989), 14.

  6. Sr. B. Msimango, estudante na Escola Bíblica Nazarena de Suazilândia, “The Church at Emvembili” (papel de pesquisa enviado por Hugh Friberg, 1990).

  7. Sra. E. L. Sibandze, relatório (1992).

  8. Leonard Sibandze, autobiografia (documento manuscrito da Sra. Ellen Sibandze, 1992); L. and P. Sibandze, “He Leadeth Me,” The Other Sheep, (Kansas City, MO: Nazarene Publishing House, September 1970), 118; Samuel e Joe Sibandze, filhos do Leonard Sibandze, relatório (submetido por Ralph Kunene, 26 July 1995).


Este artigo é reproduzido, com permissão, do Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisado, direitos autorais © 1999, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.