Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Langa, Lázaro Thandavatu

1904-1994
Igreja do Nazareno
Moçambique

Lazaro Langa

Muzonda Nhacale recusou-se a casar com o Chefe Ngungunyane e fugiu para Inhambane. O seu filho, Rev. Lázaro Thandavatu Langa, nasceu em Nhacale Wutxopi (Distrito de Manjacaze). Era filho do Sr. Samo Muianga Langa.

Um dia quando ele era ainda criança, estava indo ao rio beber, porque tinha sede. À margem do caminho ele reparou três vultos humanos escondidos no mato. Eram ladrões, estes dividiam a carne de Hokoya, o porco do avô dele que eles tinham roubado. Quando os ladrões viram Lázaro, o chamaram e propuseram que ele fosse chamar suas esposas e que estas trouxessem panelas para cozinhar a carne e comer juntos. Ele fez como mandaram, e aproveitou a festa antes de voltar para a casa.

Na manhã seguinte ao nascer do sol ele estava fora de casa chamando por Hokoya. O avô dele disse que sem dúvida o porco tinha sido roubado. Seu avô disse que pediria a Mabongwe, o curandeiro, que preparasse uma poção forte para espargir no chão. Isto faria que todos os que comeram a carne de Hokoya encolhessem e morressem. Lázaro ficou apavorado e confessou finalmente à sua mãe o que tinha feito. Ela o açoitou. Os ladrões foram apanhados, mas ele ficou contente porque ficou livre da maldição.[1]

Lázaro Langa foi tocado pelo evangelho pela primeira vez ainda criança em 1915, quando alguns pregadores que falavam Zulú visitaram a sua vila. Ele queria saber quem era Jesus e de onde Ele tinha vindo, portanto, o rapaz seguiu a um dos pregadores. Este pregador era seu tio, Simão Nhacale; ele mudou-se para Cuaie em 1924. Lázaro entrou finalmente na escola e, quando tinha quinze anos, foi batizado em Mausse depois de provar que podia ler um versículo da Bíblia. Este foi o requisito principal para ele ser batizado. Deram-lhe o nome de Lázaro. Em 1928 ele casou-se com Alina e depois foi para as minas de ouro em Joanesburgo onde se tornou líder da sua igreja.

De novo em casa em 1930, durante uma campanha evangelística em Chidumo, ele ouviu o Rev. João Mazivila falar da necessidade do perdão dos pecados e do batismo do Espírito. Ali, Lázaro Langa encontrou verdadeiramente a salvação. Aos oitenta e sete anos, ele ainda podia dizer: “O nosso quarto, meu e de minha esposa, é um lugar de oração.”

Em 1939 ele era o líder da Igreja do Nazareno no West Rand (área de Joanesburgo) e vivia na residência coletiva dos mineiros, que trabalhavam nas minas da City Deep. Ele continuava, porém, a bater nos homens que comandava. Numa ocasião um deles disse-lhe: “Não nos pregue, enquanto continua a bater em nós no interior da mina”. Ele orou em secreto por um coração perfeito, para poder dominar a raiva. Certa tarde num culto em City Deep, ele dirigiu-se ao altar; e chorando, pediu a Deus para matar o velho homem no seu coração; Lázaro então, experimentou a purificação e vitória de forma maravilhosa.

O administrador da comuna a princípio hesitou muito antes de autorizar que fizessem cultos. Porém, quando descobriu que Lázaro Langa era o líder da Igreja do Nazareno na área, ele mudou imediatamente de atitude. Disse ao missionário, Rev. Charles Jenkins, “Nkomoyahlaba (a vaca que da chifrada)”[2] Se o que os senhores pregam pode fazer dos outros o que fez deste homem maravilhoso, vocês têm a permissão de ir e vir livremente.”[3]

Quando o Sr. Langa voltou para a casa em 1940, o Rev. Paulo Sueia pediu-lhe que começasse uma igreja em Manguenhane, perto de Manjacaze. Em 1950 como líder geral do trabalho nas minas, ele foi o primeiro a visitar as minas no Estado Livre de Laranjeiras e estender a igreja para ali. Em 1961 ele foi ao Colégio Bíblico em Tavane onde ficou dois anos e foi ordenado em 1963 pelo Superintendente Geral Rev. G. B. Williamson. Como um dirigente na Zona Macuacua na Província de Gaza, ele costumava viajar de burro, porque havia tanta areia que a bicicleta não dava. Ele tornou-se dirigente da Zona Alta do Changane, no Distrito de Manjacaze.

Certo dia, enquanto viajava através duma floresta densa, um macaco bloqueou o caminho e assustou o burro. Este saltou e correu. O Sr. Lázaro Langa caiu e partiu uma perna. Sozinho no mato, gritou pedindo socorro. Finalmente algumas mulheres o encontraram e o levaram para casa. Muitos oraram por ele, mas a sua recuperação levou meses no hospital em Maputo. Ele era um grande evangelista e pregava sempre a santificação plena, e a necessidade da morte do velho eu.[4]

Depois de se aposentar em 1973, o Rev. Langa cuidou da igreja de Laranjeiras por algum tempo. Durante a guerra civil, o ataque na Aldeia de Laranjeiras em Junho de 1986 deixou a família em grande luto. O filho dos Langa foi morto. A esposa do seu neto teve uma perna cortada. Os atacantes então raptaram quatro dos seus netos e dispersaram a família.[5]

Paul S. Dayhoff


Notas

  1. O. e M. Stockwell, The Ant Sends The Elephant: Parables and Sermon Illustrations from Mozambique, (Hampton, NH: Yankee Printer, 1989), 79-81.

  2. Prof. Leonard Sibandze, “eswatini Annual Assembly Report,” Mutwalisi (O Arauto), revista na língua Tsonga da Igreja do Nazareno em Moçambique e África do Sul, (Florida, Transvaal, África do Sul: Nazarene Publishing House, Fevereiro-Junho 1955), 55.

  3. Carta do William Esselstyn, Rockton, Ill., (Junho 17, 1995).

  4. Vicente Mbanze, fita do Lazaro Langa, 1992.

  5. Rev. Lazaro Langa, “Testimony” (“Testemunho”), Mutwalisi, (Dezembro 1987), 3.


Este artigo é reproduzido, com permissão do livro Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisada, direitos do autor © 1999, por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos reservados.

Este artigo foi traduzido da língua inglesa por Rev. Roy Henck, missionário reformado para Cabo Verde, e por Rev. António Barbosa Vasconcelos, pastor cabo verdiano.