Coleção Clássica DIBICA

Todos os artigos criados ou enviados durante os primeiros vinte anos do projeto, de 1995 a 2015.

Mandlate, Isaka

1898-1960
Igreja do Nazareno
Moçambique

Isaka Mandlate

Isaka Mandlate nasceu numa família Shangaan não cristã em Musengui, no distrito de Chibuto. Seu pai era Vakane Mandlate. Quando era menino, pastoreava ovelhas e cabras. Na adolescência, Isaka foi de Lourenço Marques (Maputo) para Joanesburgo, nas minas de ouro, para ganhar dinheiro para lovola (dote de casamento).

Um dia quando ele estava doente na cama, um pregador o visitou e perguntou se ele queria caminhar com Jesus. Ele respondeu: “- Eu não posso, nem que eu quisesse, estou doente!” O pregador lhe mostrou o caminho, e ele concordou que era bom. O pregador orou com ele. Depois de recuperar-se ele se mudou para um quarto com cristãos. Ele começou a perceber que era pecador e achou a salvação. Mais tarde, ele foi santificado e cheio de Espírito Santo. [1]

Alguns dias depois de retornar para a sua casa, um curandeiro veio para as cerimônias de purificação anuais, para afastar a morte das casas, e assegurar boa sorte em tudo. Ele espalhou pedaços de pano, representando cada membro da família, e os regou com sangue. Isaka Mandlate disse ao seu pai que não poderia mais participar daqueles rituais, porque ele tinha encontrado a Jesus Cristo como o seu senhor. Seu pai ficou muito irritado, e disse que dois espíritos não poderiam ser tolerados na mesma casa. Ele deveria voltar à adoração tradicional, ou sair de casa. Ele saiu em 1922, foi para Chipaja para construir uma nova casa, e começou um novo ponto de pregação da Igreja Nazarena lá.

Em 1925, ele casou-se com a Srta. Alina Sigauque (? -1959) que tinha sido possuída por demônios quando era moça com dezoito anos. Naquela época, ela usava o cabelo enfeitado com barro vermelho, e usava pesados braceletes e tornoseleiras de bronze. Ela usava um colar trançado de cabelo, couro e garras. Todos esses amuletos, supostamente dariam proteção contra espíritos maus. Freqüentemente ela dançava até altas horas da noite, e vivia aterrorizada.

Uma noite, ao passar por uma igreja feita de barro e palha, ela escutou canções que a atraíram. Aquilo soava muito alegre. A alegria estava completamente ausente da sua vida amarga e fútil. Ela encontrou um gozo maravilhoso e paz em Cristo naquela noite, e não teve mais medo dos espíritos maus, os quais acreditavam que habitavam em ratos, cobras e corujas. Deus usou grandemente o seu testemunho e a igreja confiava nela.

Ela ficou muito doente, e tão frágil, que não podia nem alimentar-se. Sua família a considerava desenganada por ela ter se juntado aos cristãos. Eles chamaram um curandeiro contra a vontade dela. Ela insistiu que estava pronta para morrer e que o seu Salvador estava com ela. O curandeiro inclinou-se sobre o corpo dela quase sem vida para dar-lhe algumas gotas de mel. Com uma força sobre humana ela tomou a tigela da mão dele e espalhou o mel sagrado pela cabana. O curandeiro foi embora furioso, mas Alina se recuperou.

Ainda mocinha ela tinha muita vontade de fazer visitação nas casas. Era evidente que ela era motivada pelo Espirito Santo e não pelas pessoas que faziam visitas. Elas percorriam todas as semanas a longa distancia entre Chipaja e Mussengi para ir à igreja.

Depois que Mandlate e Alina se casaram, eles começaram a trabalhar como pastores da igreja em Chipaja. Muitos nativos encontraram o Senhor e muitos deles chegaram a ser pastores e anciãos. O Rev. Samuel Manhique se converteu ainda quando era jovem através do ministério de Mandlate.

Num domingo quando era pastor em Chipaja em 1930, uma enorme nuvem de gafanhotos escureceu o céu do meio dia. As pessoas correram até a igreja para avisar os crentes. O pastor Isaka Mandlate lhes disse: “Nós estamos orando; os nossos campos o milho e o feijão, tudo pertence a Deus.” Todos menos seis pessoas correram para fora e junto com os outros vizinhos da vila entraram na luta em vão para afugentar os gafanhotos. Na manhã seguinte os gafanhotos tinham ido embora e os campos estavam pelados, mas havia seis plantações intactas, eram as plantações daqueles que tinham permanecido orando. Alguns leprosos que observavam de longe relataram que tinham visto um bando de corvos de colarinho branco em volta das seis lavouras e as protegeram durante o ataque dos gafanhotos.

Mandlate tornou-se líder da região de Chibuto e foi ordenado em 1950 pelo Superintendente Geral Hardy Powers. Ele foi um pregador de grande integridade.

Alina foi sempre uma grande colaboradora e sempre que Mandlate estava fora ela assumia as tarefas de visitação aos doentes e a liderança da congregação. O sucesso da congregação em Chipaja devia-se muito a seus esforços. Mandlate fez esta homenagem a Alina quando ela faleceu: “Nós nos amávamos muito e ela amava toda a família.” As últimas palavras dela foram: “Fique bem pai Mandlate, cuide de nossos filhos. Permaneça no Senhor dia após dia. Eu estou partindo. Estou indo para o meu Lar… Leva-me Jesus, estou indo encontrá-lo, eu vou descansar. Jesus leve-me, vou descansar contigo.” [2]

Na faculdade Bíblica Mandlate era chamado de Mukombo-Vukeya Vantwini (Rinoceronte Atacador de Pessoas). O Rino é um animal feroz que ataca qualquer pessoa que encontra. O povo foge e deixa tudo para trás quando ele aparece perto de suas casas. O Revdo. Mandlate atacava qualquer um com o evangelho e os fazia fugir de seis pecados. “Muitos vivem hoje graças a aquele Rino.” [3]

Paul S. Dayhoff


Notas

  1. Simeão Isak Mandlate, “My Father,” Mutwalisi (The Herald), Shangaan/Tsonga revista da Igreja do Nazareno de Moçambique e África do Sul, (Florida, Transvaal, África do Sul: Casa Publicadora Nazarena, Setembro-Outubro 1961), 6.

  2. C. S. Jenkins, “A Fruitful Church,” The Other Sheep, (Kansas City, MO: Casa Publicadora Nazarena, Janeiro de 1959), contra capa; Rev. Isaac Mandlate, “Blessed are They…,’ Mutwalisi (Janeiro-Fevereiro de 1961), 4; Vicente Mbanze, carta (13 de Abril de 1995).

  3. João Muchavi, “Rev. Isaac Mandlate,” Mutwalisi (Maio-Junho de 1961), 11-12.


Este artigo foi reproduzido com a permissão de Living Stones In Africa: Pioneers of the Church of the Nazarene, edição revisada, copyright © 1999 por Paul S. Dayhoff. Todos os direitos são reservados.