Coleção Clássica DIBICA

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Dube, John Langalibalele (A)

Nomes alternativos: mafukuzela
1871-1946
Congregacionalista
África Do Sul

John Langalibalele Dube

John Dube foi educador, foi um nacionalista africano e político, também foi pastor ordenado da Igreja Congregracional (Junta Americana).

Dube nasceu em Inanda no distrito de Natal no dia 22 de fevereiro de 1871, filho do Rev. James Dube, um chefe secundário Zulu do clã Ngcoto. Seu pai foi um dos primeiros ministros ordenado da Missão Americana Zulu (Marks 1975, 163). Sua avó foi uma das primeiras convertidas do missionário pioneiro da Junta Americana, Daniel Lindley (David 1975, 503). John Dube estudou em Inanda no então Instituto Teológico da Missão da Junta Americana que depois passou a ser o Adams College.

Em 1887 ele acompanhou o missionário W. C. Wilcox e foi para os EUA e freqüentou o Oberlein College além de trabalhar para sustentar-se. Voltou para Natal em 1894, trabalhou como professor e casou-se com Nokutela. Nesta época Dube e seu cunhado, John Mdima trabalharam em Incwadi onde fundaram duas igrejas e três pontos de pregação. Dube jamais perdeu seu interesse pela educação e no que poderia fazer pelo seu povo em Natal. Depois de completar seus estudos teológicos no Seminário da União Missionária na America, foi ordenado ministro da igreja Congregacional em março de 1897. Neste período ele novamente tentou angariar fundos para uma escola industrial baseada no modelo Tuskegee de Booker Washington. Ele mais tarde seria conhecido como o “Booker Washington” de Natal (Dube 1909, 30).

Em 1901, Dube conseguiu obter 200 acres de terra no distrito de Inanda, onde abriu a escola Ohlange. Oito anos depois foi para a Inglaterra para angariar fundos para a escola que já contava com 139 bolsistas e entre os professores estava o seu irmão Charles Dube (bacharel em artes), que cumpria a função de diretor, e a sua esposa Adelaide Dube (bacharel em ciências) e ambos tinham estudado na Wilberforce University; entre os professores também estava Nokutela Dube, Amy Nhlangoti, Ntombi Zama, John Mdima, Ezekiel Kuzwayo e Irving Nyembezi. Havia também professores em tempo parcial nos cursos industriais (Dube 1909, 4). Dube apelou pelo censo de justiça dos britânicos pedindo pela educação do povo na terra que tinha sido propriedade única dos Zulus. “Eles, os Bôeres e os Britânicos nos tomaram a terra, a minha terra natal, esse pedacinho de terra de Deus que a Providência nos deu para ser nossa, a nossa terra nativa - o lar dos nossos pais - que foi anexado ao Império Britânico” (Dube 1909, 4). Agora ele precisava ajuda para a Escola Ohlange na qual o povo de Natal, que era parte deste império, era educado.

Enquanto Dube fundava a Escola Ohlange ele também (em 1904) fundou o jornal Zulu-Inglês Ilanga lase Natal. O tom dos seus artigos no jornal, muitas vezes parecia radical e durante a Rebelião Bambata em 1906 ele foi preso como um agitador “Etíope”, mas foi logo libertado. Ele então começou a participar de várias reuniões políticas. Participou de uma reunião em Bloemfontein, na qual os líderes africanos discutiram a Constituição da África do Sul de 1909. Três anos depois ele fundou o Congresso Nativo de Natal.

Os seus artigos no jornal fizeram a sua reputação política e em 1912 foi convidado para ser o primeiro presidente do Congresso Nacional Nativo da África do Sul. Ele escreveu para os chefes e membros do CNNAS e disse: “Reconheço que está chegando a hora quando as raças nativas da África do Sul devem levantar-se e agir - porque Deus ajuda aqueles que ajudam a si mesmo” (Davis 1975, 497). Dois anos mais tarde ele liderou uma delegação do CNNAS que incluía homens tais como Sol Plaatije e Walter Rubusana num protesto, feito em Londres, contra o Decreto das Terras Nativas. Dube recusou tenazmente o Decreto, e escreveu: “Porque devemos nós, os únicos entre todos os povos da Terra, auto condenar-nos à servidão para obter a permissão de viver na nossa terra materna, enquanto a qualquer estranho do além mar, seja ele negro ou branco, lhe é permitido usufruir as riquezas da nossa terra e construir um lar onde ele bem entender?” (Davis 1975, 520).

Em 1917 foi derrubado da presidência do CNNAS e retornou a Ohlange e Natal, onde permaneceu como membro do Congresso de Natal. Por muitos anos esteve envolvido em várias tentativas para melhorar as condições dos africanos e promoveu melhores relações entre as diferentes raças na África do Sul. Foi reconhecido pelo seu trabalho na educação em 1936 e lhe foi outorgado o título de Doutor Honorário, PhD, da Universidade da África do Sul. Um ano mais tarde, Dube foi eleito para o Conselho Representante dos Nativos, um grupo assessor do governo. Anos depois ficou viúvo e casou-se com Angelina Khumalo de Pretória e tiveram três filhos e três filhas.

Dube foi um escritor notável. Entre as suas obras encontram-se: “O apelo Zulu por luz e o dever da Inglaterra (1909),” Isitha somuntu nguye uQobo lwake, U-Jege insila KaShaka (1931) ( traduzido por Boxwell como : “Jege o servo de Shaka”), Ushembe (1936) e Ukaziphatha khale.

Faleceu em Durban no dia 11 de fevereiro de 1946. Dube foi uma figura controversa. Para o poeta Zulu B. W. Vilkazi, ele foi: “Um grande, senão o maior, homem negro da época dos missionários, na África do Sul”. Também Vil-Nkomo, que pertencia à mesma sociedade educada pelos missionários, declarou: “Ninguém na sua geração conseguiu tanto com tão minguados recursos”. Para John X. Merriman, político liberal do Cabo, Dube demonstrou o que significava ser um africano numa Natal Britânica, e disse: “Dube, na sua conversa me permitiu entender o que era o nacionalismo. Na verdade o seu ódio por nós não era sem causa.” Edgar Brookes, o educador, resumiu a influência da Dube quando disse:” Ele era um cavalheiro cristão de quem toda Natal, Negra e Branca, deve orgulhar-se” (Marks 1975, 164).

J. A. Millard


Bibliografia

Dube, J. The Zulu’s Appeal for Light and England’s Duty. Pamphlet sl.sn. 1909.

Davis, R. H. “John L. Dube: A South African Exponent of Booker Washington.” Journal of African Studies, (4) (1975/1976).

Krüger, D., ed. Dictionary of South Africa Biography. Vol. 3. Pretória: HSRC, 1977.

Marks, S. “The Ambiguities of Dependence: John L. Dube of Natal.” Journal of South African Studies, (2) (1975).

Skota, T., ed. The African Yearly Register: Being an Illustrated National Biographical Dictionary (Who’s Who) of Black Folks in Africa. Johannesburg: R. L. Esson, 1933.

Walshe, P. The Rise of African Nationalism in South Africa. Johanesburgo: A. D. Donker, 1987.


Este artigo foi reproduzido com a permissão de: Malihambe - Let the Word Spread, copyright © 1999, por J. A. Millard, Editora Unisa, Pretória, África do Sul. Todos os direitos são reservados.